Depois de décadas de grandes progressos, a luta contra o sarampo está estagnando e o número de mortes voltou a aumentar em 2018, segundo advertiram, nesta quinta-feira (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as autoridades de saúde norte-americanas em meios a surtos, do Pacífico até a Europa.
No total, 142 mil pessoas morreram no mundo por esta doença em 2018. A cifra é quatro vezes menor do que em 2000, mas 15% maior do que em 2017. Em sua maioria, as vítimas são crianças.
O sarampo é um vírus muito contagioso, que pode permanecer em um quarto por até duas horas depois de que uma pessoa infectada tenha falecido. Ressurgiu com epidemias nos cinco continentes desde 2018, sobretudo em cidades ou vizinhanças com baixos níveis de vacinação.
As pequenas ilhas da Samoa no Pacífico Sul atualmente lutam contra o surto. Registraram 62 mortes desde outubro, e quase todas eram crianças com menos de quatro anos. As autoridades cortaram o acesso ao arquipélago e lançaram uma campanha de vacinação nesta quinta-feira.
Cinco países concentraram quase metade dos casos em 2018: República Democrática do Congo (RDC), Libéria, Madagascar, Somália e Ucrânia, segundo um informe publicado pelos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Somente em 2019, o Brasil já contabilizou 13,4 mil casos.
Nos países ricos, o sarampo mata pouco, ou nada. No Congo, porém, esse vírus mata o dobro do que o do Ebola, tendo causado 5 mil mortes esse ano.
O vírus se propaga com facilidade. Israel importou uma centena de casos de outros países, como Filipinas e Ucrânia. De lá, alguns viajantes infectados transmitiram a doença aos bairros judeus de Nova York e contribuíram para a maior epidemia dos Estados Unidos desde 1992.
— Todos sabem que existe uma vacina segura e eficaz contra o sarampo em todos os lugares há 50 anos — disse Kate O'Brien, diretora de imunização da OMS, em uma coletiva de imprensa. — Realmente é um fracasso coletivo ver esses surtos — completou.