Os Estados Unidos registraram, até esta quarta-feira (24), 695 casos de sarampo em relação ao início de 2019, o maior número desde a erradicação oficial da doença, no ano 2000, informou o Centro de Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC).
A epidemia atinge 22 Estados, com os principais focos em Nova York e Washington, segundo o organismo nacional de saúde pública. Este recorde, que supera os 667 casos em todo o ano de 2014, ocorre em meio a uma campanha contra a vacinação liderada por pais que se negam a imunizar seus filhos alegando questões religiosas.
As autoridades lutam contra este movimento e recordam a importância da vacinação para se enfrentar uma doença que pode ser fatal. Os focos de sarampo estão exatamente nas comunidades onde a taxa de vacinação é baixa, contra uma média nacional superior a 90%.
As pessoas nos Estados Unidos foram infectadas por portadores do sarampo procedentes de Israel e Ucrânia, muitos não vacinados, que transmitiram a doença entre suas comunidades.
"Um fator importante que contribui para os focos em Nova York é a desinformação entre as comunidades sobre a segurança da vacina contra o sarampo/caxumba/rubeola", destacou o CDC.
Já o secretário de Saúde, Alex Azar, declarou que "as vacinas contra o sarampo fazem parte dos produtos médicos estudados a fundo e sua inocuidade já foi estabelecida há anos".
O funcionário anunciou o lançamento de uma vasta campanha nacional, na próxima semana, para "reforçar a mensagem de que as vacinas são confiáveis e eficazes".
O Estado de Nova York é, de longe, o mais afetado. Apenas a cidade de Nova York registra 390 casos, enquanto o condado de Rockland, na periferia, soma 199 casos. Nos dois lugares foi declarado o estado de emergência sanitária nas zonas mais afetados, com a obrigatoriedade de vacinação, especialmente nas escolas, sob pena de multa.
A comunidade judaica ortodoxa do Brooklyn é uma das mais afetadas, com o contágio de portadores que vieram de Israel, onde há um ano surgiu um foco potencialmente fatal.
Já no Estado de Washington, o condado de Clark, onde há uma grande comunidade de língua russa, um menino procedente da Ucrânia em dezembro infectou outras 74 pessoas, a maioria crianças.
Apesar da epidemia, os Estados Unidos ainda não registraram qualquer morte por sarampo.
Unicef alerta para riscos
Segundo relatório da Unicef, o movimento contra a vacinação tem crescido nos últimos anos, o que se traduz por uma alta nos casos em Estados Unidos, Brasil, França, Ucrânia e Filipinas, entre outros países.
O documento assinala que o número de menores de um ano que não foram vacinados contra o sarampo nos Estados Unidos atingiu 2,59 milhões entre 2010 e 2017.
Na França, na segunda posição dos 10 países de alta renda com mais crianças sem vacinação contra o sarampo, 608 mil menores de uma ano não foram vacinados entre 2010 e 2017. Na Grã-Bretanha, o número foi de 527 mil. A Argentina ocupa o quarto ligar nesta lista, com 438 mil menores sem vacinação no período.
Os casos declarados de sarampo se multiplicaram por quatro no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018, informou em meados de abril a Organização Mundial de Saúde (OMS). A principal alta, de 700%, ocorreu na África, mas a Europa registrou uma elevação de 300%.