O local não é dos mais agradáveis: o quarto é diferente, os brinquedos não estão ali, a família está distante e tudo o que acontece pode parecer estranho. Ambientes hospitalares são bastante impactantes para as crianças, podendo afetar, inclusive, no seu desenvolvimento.
Diante do desafio de compreender as emoções dos pequenos durante esses períodos, a psicóloga Camilla Volpato Broering, doutora em psicologia hospitalar, desenvolveu um baralho que visa amenizar o estresse e a ansiedade infantil. Composto por 49 cartas, o "Baralho Infantil da Hospitalização" tem como base a psicoterapia cognitiva comportamental que, resumidamente, leva em conta que eventos geram pensamentos que conduzem a pensamentos.
— Quis levar essa lógica para o hospital. Trabalhar eventos marcantes desses locais, como por exemplo, a injeção. A criança pensa "vai doer" e isso gera uma emoção: a tristeza. Isso reflete um comportamento que pode ser choro ou chamar a mãe — explica.
As cartas lúdicas são divididas por categorias: eventos, emoções, pensamentos e comportamentos, além de cartas curingas. Elas são espalhadas em mesas separadas de acordo com cada grupo. Depois, o terapeuta estimula a criança a falar sobre as emoções e reações. Como são ilustrações, nem sempre a criança é obrigada a falar, bastando apontar o que está sentindo.
Fora isso, está presente em todas as categorias uma carta de interrogação, que permite ao paciente falar sobre qualquer outro tema.
— Um menino usou para dizer que tinha vergonha da camisola usada porque ficava com o bumbum de fora — relata a profissional, que conta com 18 anos de experiência em hospitais.
Segundo Camilla, o ato de conversar e explicar para os pequenos o que eles estão passando ajuda a tranquilizar os pacientes, minimizando estresse e ansiedade.
— Dá um resultado incrível — garante.
A ideia saiu do papel em 2018, quando a psicóloga orientava uma aluna de estágio. O material é direcionado para uso de profissionais da saúde e pode ser encontrado no site da Sinopsys Editora. O valor é de R$ 132.