Dados divulgados na quinta-feira (14) pelo Ministério da Saúde revelam que cerca de 36,9 milhões de pessoas no Sudeste e 13,1 milhões no Sul do país ainda não se vacinaram contra a febre amarela. Conforme a pasta, apesar de as regiões terem recomendação para a vacina, as coberturas estão abaixo da meta, que é de 95%.
No Rio Grande do Sul, a cobertura é de 71%. Porto Alegre tem, entre 1998 e 2018, cobertura de 67%.
Conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, a proteção contra febre amarela foi ampliada gradativamente no país nos últimos dois anos. Por aqui, a determinação de aumentar a cobertura ocorreu em janeiro de 2018.
— Foi quando a Secretaria Estadual da Saúde decidiu ampliar a vacinação para todo o Rio Grande do Sul mesmo que não tivesse risco mais importante de contaminação, pois não havia circulação do vírus.
Para ele, a vacinação é a forma mais eficaz e segura de prevenir a doença – portanto, deve ser feita por pessoas dos nove meses de vida até os 59 anos, com exceção de gestantes e imunodeprimidos.
— A situação ainda é tranquila, mas já houve o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do ministério da Saúde de que há possibilidade de um novo ciclo da doença, com chances de pegar Sul e Sudeste. Os casos no Paraná nos colocam em um momento de atenção, pois há risco da circulação seguir pelos corredores ecológicos (rota de mata por onde o vírus pode circular) para cá. Temos que estar preparados para o que possa vir a acontecer, não deixar para quando estiver acontecendo — avalia.
Em nota, o ministério destacou que quem não mora no Sul ou Sudeste, mas vai viajar para as regiões, também deve ser imunizado contra a febre amarela. Nesse caso, a orientação é tomar a dose pelo menos 10 dias antes da viagem. O reforço na recomendação se dá porque, atualmente, há registro da circulação do vírus nessas regiões.
A vacina
A dose contra febre amarela é oferecida no Calendário Nacional de Vacinação e distribuída mensalmente a todos os Estados. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema de dose única da vacina, conforme recomendação da OMS, respaldada por estudos que asseguram que uma dose é suficiente para a proteção por toda a vida.
O público-alvo são pessoas de nove meses a 59 anos de idade que nunca tenham se vacinado ou que não disponham do comprovante de vacinação. Pessoas acima dos 60 anos precisam de uma avaliação médica e de situação epidemiológica para fazer a vacina.
Atualmente, fazem parte da área de recomendação todos os estados do Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte, além do Maranhão, alguns municípios da Bahia, do Piauí e de Alagoas.
Casos
Dados do Ministério da Saúde mostram que, de julho de 2018 a 7 de fevereiro deste ano, foram notificados 834 casos suspeitos de febre amarela, sendo que 679 foram descartados, 118 permanecem em investigação e 37 foram confirmados. Destes, nove foram óbitos.
Apresentaram casos confirmados os estados de São Paulo (35) e do Paraná (2). A maior parte das ocorrências se deu na região do Vale do Ribeira (litoral sul de São Paulo, perto da divisa com o Paraná). Todos os óbitos ocorreram em São Paulo, nos municípios de Caraguatatuba (1), Iporanga (2), Eldorado (3), Jacupiranga (1) e Sete Barras (1). O local provável de infecção de um dos óbitos permanece em investigação.
Alerta
Com pelo menos 36 casos de febre amarela confirmados em humanos no período entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano, o Brasil poderia estar vivendo uma terceira onda de surto da doença. O alerta foi divulgado nesta semana pela OMS.
"Embora seja muito cedo para determinar se este ano apresentará os altos números de casos em humanos observados ao longo dos dois últimos grandes picos sazonais [o primeiro entre 2016 e 2017 e o segundo entre 2017 e 2018], há indicações de que a transmissão do vírus continua a se espalhar em direção ao sul e em áreas com baixa imunidade populacional", destacou a entidade.
*Com agências