Mais de 7 milhões de pessoas morrem todo o ano em decorrência do tabaco, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Pior do que esse total é o número de fumantes passivos que também morrem: 900 mil. Para conter esses índices, a OMS chama a atenção da população, todo dia 31 de maio, para o Dia Mundial sem Tabaco. Na campanha deste ano, o foco da entidade são as doenças cardiovasculares provocadas pelo tabaco. Conforme a chefe do serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, Carisi Polanczyk, quem fuma tem risco entre 25% a 30% maior de morrer de doenças cardíacas.
— Do ponto de vista cardiovascular, está bem documentado que o cigarro acelera a inflamação dos vasos, levando à aterosclerose. O sangue também fica mais grosso, levando a eventos embólicos e à trombose. Também há um efeito deletério nos níveis de colesterol — enumera a médica.
De acordo com Roberto Sacilotto, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), essa aterosclerose não se limita às coronárias. Ao fumar, pode-se afetar as carótidas e também causar o estreitamento das artérias das pernas.
— Isso provoca a claudicação intermitente, que é quando o indivíduo caminha 100 metros e precisa parar em função de dores na panturrilha. Quando ele para, melhora. Ao retomar a caminhada, a dor volta — explica Sacilotto.
Fora isso, as substâncias presentes no cigarro ainda têm um efeito de envelhecimento precoce dos vasos. Pessoas que começaram a fumar aos 15 anos, por exemplo, aos 30, terão vasos de indivíduos 15 ou 20 anos mais velhos, explica Carisi.
Além dos problemas relacionados ao coração, o tabaco está relacionado a uma infinidade de doenças pulmonares, como enfisema, e cânceres, como de pulmão, boca, língua e estômago.
Fumantes passivos
Para Carisi, além da importância de aumentar o número de ex-fumantes, é preciso conscientizar as pessoas para que não iniciem esse mau hábito, especialmente os jovens.
A medida teria reflexo tanto na saúde dos fumantes em si quanto na dos chamados fumantes passivos, aqueles que inalam as substâncias tóxicas em função da convivência com tabagistas, no trabalho ou em casa.
— As pessoas com exposição continuada são as que mais desenvolvem problemas — diz a cardiologista.