Reduzir a gravidez na adolescência é um desafio para a América Latina e o Caribe, a região que apresenta a segunda maior taxa de gravidez precoce, afirmou nesta quarta-feira (28) a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A organização também recomendou mais educação sexual e um maior uso de anticoncepcionais.
"Os programas nacionais devem abandonar o que não funciona e ampliar ou reforçar o que funciona, com o objetivo de chegar de modo eficaz às adolescentes que vivem em condições de vulnerabilidade", indicou a Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), em um informe realizado com a Unicef e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Na região, 15% das gravidezes anuais ocorrem em menores de 20 anos. E enquanto a taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos por cada 1.000 meninas de entre 15 e 19 anos, na América Latina e Caribe é de 66,5/1.000, superada apenas pela África subsaariana, com 110,4/1.000.
Na região, cerca de 1900 adolescentes morreram em 2014 por problemas de saúde durante a gravidez, o parto e o pós-parto, indica o informe.
Na América Central, Guatemala, Nicarágua e Panamá tem as taxas mais elevadas de gravidez adolescente. No Caribe, lideram República Dominicana e Guiana; Na América do Sul, Bolívia e Venezuela.
O informe mostra também que nos últimos 30 anos caiu o número de filhos por mulher na região, mas entre as adolescentes a diminuição da taxa de fertilidade foi mais lenta.
A América Latina e o Caribe registram uma exclusiva tendência ascendente de gravidez em menores de 15 anos.
As mulheres analfabetas ou que têm apenas educação primária, as que vêm de famílias mais pobres e as que vivem em zonas rurais, principalmente se são indígenas, têm entre três e quatro vezes mais chances de conceber filhos antes dos 20 anos que as demais.
— Reduzir a pobreza e aumentar o acesso às oportunidades de educação e desenvolvimento sem dúvida seria uma parte importante no caminho para reduzir as gravidezes não planejadas em adolescentes, mas não seria suficiente — disse Sonja Caffe, especialista da OPS no assunto.
—Também é necessário que os adolescentes tenham acesso à informação e a serviços de saúde sexual e reprodutiva eficientes e de qualidade — concluiu.