Você sabia que 43,7% dos gaúchos dependem apenas do SUS? O CREMERS, em parceria com a Zero Hora, promoveu um painel que reuniu especialistas e representantes do setor público e hospitalar para debater os resultados do estudo encomendado pelo CREMERS e propor melhorias na saúde no Rio Grande do Sul. O presidente do CREMERS, Eduardo Trindade, destacou a meta de fortalecer políticas públicas permanentes, com foco em um Sistema Único de Saúde (SUS) mais ágil e acessível.
Visando entender qual é grau de satisfação dos gaúchos, a pesquisa também revelou que 40% dos participantes demonstram insatisfação com a demora para consultas com especialistas e cirurgias. No levantamento, os desafios incluem otimizar atendimentos e melhorar a infraestrutura.
O debate mediado pela jornalista Rosane de Oliveira, abordou soluções práticas e viáveis para as críticas mencionadas na pesquisa e contou com a participação do presidente do CREMERS, Eduardo Neubarth Trindade; a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS, Vanderli de Barros; o presidente da Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul), Rodrigo Sousa Costa; a presidente do Conselho Estadual de Saúde do RS (CES-RS), Inara Beatriz Amaral Ruas; o presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre, Henri Siegert Chazan; o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter; o conselheiro do Cremers Vinícius Lain; a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada (DGAE), Lisiane Wasen Fagundes; e a diretora do IPO, Elis Radmann.
Durante a conversa, o presidente do CREMERS, ressaltou a relevância de uma colaboração estreita entre o Conselho e os governos municipais e estadual para construir políticas públicas duradouras que atendam às necessidades de saúde da população gaúcha.
— Nós, como o Conselho Regional de Medicina (do RS), vimos a importância de estabelecer políticas públicas de saúde que não sejam de governo e sim de Estado. A partir do levantamento, vamos fazer uma radiografia do sistema de saúde e entender qual é a visão da população e trazer as informações ao grande público — explica o presidente do CREMERS.
No estudo também apareceram questões com a infraestrutura da saúde, onde um terço dos gaúchos alegam a ausência de equipamentos e especialistas à disposição. Participando do debate, a presidente do Conselho Estadual de Saúde do RS, Inara Beatriz Amaral Ruas, menciona alguns desafios nesse cenário onde o setor passou por uma limitação de gastos.
— Desde 2016, com a emenda constitucional 95, que congelou por 20 anos investimentos em saúde, os gestores têm tido dificuldade em gerir a saúde com os mesmos recursos. Em 2023 foi revogada essa emenda, mas além disso a PNAB Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) também sofreu, pois se antes um agente comunitário cuidava de 150 pessoas, hoje, ele cuida de 4 mil pessoas — indica.
Outros pontos foram levantados, como uma ausência de limitação referente ao percentual da contratação de profissionais terceirizados para a saúde. Em um segundo momento, a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada (DGAE), Lisiane Wasen Fagundes, entende a insatisfação da população com o tempo de espera e menciona a importância de construir políticas públicas sustentáveis e duradouras.
— Quando a população traz como um problema o tempo de espera, isso é legítimo, pois não é razoável que alguém espere dois, três ou até dez anos na fila para realizar uma cirurgia ou para um exame — conclui a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada.
Ela ainda complementa sobre uma série de ações serem necessárias, desde o investimento, até o fluxo de regulação para obter resultados e ampliar o número de acessos. Um exemplo disso é o Programa de Estadual de Incentivos Hospitalares ASSISTIR, criado em 2021 e que até o momento do evento, já havia atingido cerca de 1 bilhões de reais de investimento, conforme indica Lisiane Wasen Fagundes, além dos investimentos do governo federal.
Como solução, o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, levantou algumas hipóteses indicando rever a forma de financiamento do SUS privilegiando que os impostos fiquem mais nos municípios e cita a importância de revisar as filas para consultas e exames. Além disso, ele menciona a importância de investir em questões de média complexidade e adicionar especialistas na atenção primária da saúde por meio de equipes multiprofissionais.
Para o conselheiro do CREMERS, Vinícius Lain, a tecnologia deve estar no centro das soluções para a lentidão e os altos custos do sistema de saúde. Ele acredita que a estrutura pode ser aprimorada com uma rede integrada, segura e capaz de compartilhar informações.
— Investir em tecnologia para criar essa conexão de forma segura é o primeiro passo para organizar o sistema — pontua.
Além dos pontos levantados, os demais especialistas mencionaram a importância de aporte de profissionais para melhor aproveitamento das estruturas já disponibilizadas. Esse foi o primeiro de uma série de três Talks gratuitas e abertas ao público, realizadas pelo CREMERS em parceria com a Zero Hora. Confira as próximas edições:
12 de novembro, às 14h
Debates sobre a Qualificação do Ensino da Medicina no Estado.
3 de dezembro, às 14h
Pacto para o Futuro da Saúde no RS entre 2024 e 2035.
Local: CREMERS, Auditório
Rua Bernardo Pires, n° 415/2° andar, Bairro Santana - Porto Alegre/RS