Como se sabe, a busca pela felicidade é uma questão que acompanha a humanidade há muito tempo. A Universidade de Harvard, por exemplo, iniciou uma pesquisa chamada "Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto", em 1938. A proposta era acompanhar aspectos emocionais, físicos e mentais, incluindo as relações de trabalho, de 700 jovens durante alguns anos. Os resultados obtidos foram tão interessantes que a pesquisa segue até os dias de hoje, já com os filhos dos entrevistados originais. Em 2016, o atual diretor do estudo gravou um TED Talk para falar sobre o que se aprendeu em quase oito décadas de análises aprofundadas sobre a felicidade. Das "muitas conclusões obtidas", ele destaca uma: a qualidade dos nossos relacionamentos é determinante para nos mantermos felizes.
Vários destes relacionamentos se originam a partir da profissão escolhida. Uma outra pesquisa, essa conduzida pela rede profissional Linkedin, em 14 países, mostra que praticamente metade dos entrevistados acredita que a amizade no trabalho os torna pessoas mais felizes e produtivas. Destaque para os brasileiros que, neste estudo, disseram que falam mais sobre a vida pessoal com colegas do que a média das outras nacionalidades. O fato é que, independentemente da carreira, o bem-estar no ambiente laboral passa, muitas vezes, pela qualidade do relacionamento com os colegas.
— As organizações não devem se perguntar o quanto custa investir no bem-estar de quem trabalha, mas, sim, o quanto vai custar deixar de investir. Muitas vezes, condições intangíveis, como as relações, é que trazem essa sensação de bem-estar e, usualmente, também podem representar insatisfação — argumenta Carla Furtado, diretora do Instituto Feliciência e uma das únicas brasileiras habilitadas como facilitadora em Felicidade Interna Bruta pela Schumacher College, da Inglaterra.
Dedicada à transformação cultural de negócios a partir da felicidade, a pesquisadora se baseia em dois pilares da Psicologia Positiva para indicar alternativas às organizações. O primeiro é entender a felicidade como uma consequência de viver mais experiências positivas do que negativas, sem necessariamente estar livre de frustrações. No ambiente de trabalho, este conceito está intimamente ligado à cultura organizacional e às emoções que compõem os expedientes, exemplifica Carla. E o segundo, complementar ao anterior, é encontrar propósito e significado no que se faz — desejos constantes de trabalhadores de diferentes gerações.
Só que facilitar a tão sonhada satisfação entre os colaboradores demanda percorrer um caminho. Um trabalho verdadeiro de felicidade, segundo a especialista, começa com uma revisita à cultura da organização, baseada na manifestação verdadeira dos valores humanos da empresa. Mais do que ter frases pré-definidas, é importante que os líderes passem por treinamentos para entender e aplicar isso no dia a dia. Outra dica é valorizar a experiência do colaborador, a exemplo do tipo de mapeamento de que geralmente se dedica a entender o comportamento de clientes e fornecedores. Pontos que, organizados e bem entendidos, permitem desenhar ações mais assertivas.
Ainda assim, a pesquisadora reconhece que a felicidade não é algo que uma empresa simplesmente possa oferecer, por melhores que sejam as intenções.
— A felicidade é uma deliberação pessoal. O que uma liderança tem de responsabilidade é dar condições adequadas para que uma pessoa possa estar pronta para buscar a sua própria felicidade — pondera Carla.
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A satisfação que parte do trabalhador
Práticas de gestão em grandes e pequenas empresas sugerem que ambientes de trabalho harmônicos dependem tanto da empresa quanto dos colaboradores, em aspectos diferentes. Por parte da organização, a tendência é que as iniciativas funcionem melhor se não soarem "forçadas" ou antinaturais. Há métodos tradicionais, como a pesquisa de clima organizacional, que mede engajamento e satisfação, ou os considerados mais inovadores e horizontais, como rodas de feedback e encontros periódicos que colocam na mesma discussão colaboradores em níveis hierárquicos bem diferentes. Também existem as medidas clássicas, sem erro, como o investimento na saúde coletiva com planos de saúde, por exemplo.
Para Carla Furtado, a sensação de bem-estar identificada no trabalho depende também de questões externas, como as circunstâncias de vida individuais, e de um ambiente livre de assédios, por exemplo. Partindo do princípio de que o profissional tem as condições básicas para desempenhar o seu ofício, a busca pela felicidade é um ato fundamentalmente pessoal: o de buscar o protagonismo da própria vida.
— O trabalhador pode atuar de uma maneira legítima na construção de relações saudáveis com os seus pares, líderes e times, enxergando os valores de cada pessoa. Quando temos uma atitude de empatia e altruísmo, somos altamente beneficiados inclusive do ponto de vista químico, já que o nosso corpo libera hormônios específicos de satisfação ao fazer isso. Com mais emoções positivas é que podemos entender sentido e propósito nas nossas vidas — finaliza.
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