Aproveitando o recuo da água observado nos últimos dias e o tempo seco em Porto Alegre, moradores e empresários do 4º Distrito se dedicam à limpeza de imóveis da região. Na tarde deste sábado (1º), a área entre os bairros São Geraldo e Navegantes tinha som de vassouras e lava-jatos, usados para arrancar a lama que restava no local.
Nos últimos dias, casas de bombas da Zona Norte voltaram a operar, o que ajudou no escoamento da água. Mas em praticamente todas as ruas e avenidas dos bairros a cena era a mesma: poças de água em alguns cantos, lama e lixo acumulado nas calçadas.
A marca da altura da água também chamava atenção nas paredes, em meio aos entulhos. Em alguns locais, essa marcação indicava cerca de 1,80 metro em ruas a poucas quadras da Avenida Farrapos.
Em uma residência na Avenida São Paulo, o atendente Rafael Almeida, 31 anos, limpava móveis, cadeiras e outros pertences com o auxílio de um lava-jato. A família dele mora de aluguel no local há cerca de cinco anos. Ele vive com a mãe, o pai e duas irmãs há cerca de um ano após um processo de separação. A mãe de Almeida também usava uma garagem da residência como ateliê.
No dia 3 de maio, quando o Guaíba começou a vencer os principais pontos de contenção de cheia da cidade, a família ainda cantou parabéns para a matriarca, que estava de aniversário. No entanto, tiveram de sair do local nas horas seguintes em razão da inundação, que avançou rapidamente.
Hoje, eles trabalham para limpar o que dá para recuperar e estão planejando a mudança para outro ponto da cidade. Na parede da casa, a marca do nível do aguaceiro chegava quase na mesma altura de Almeida.
— A gente perdeu muita coisa aqui dentro. Eu já estava recomeçando e agora vou ter que recomeçar mais uma vez, mas a gente vai conseguir. Tá todo mundo bem. O importante é isso, todo mundo bem, vamos resolver. Vai ser difícil, mas vamos conseguir.
Transitar pela região exige bastante atenção. Caminhões, máquinas, carros de passeio e veículos usando reboque disputam espaço nas vias, que tem parte do pavimento invadido por água, lama ou restos de móveis largados para recolhimento dos serviços de limpeza.
Tá todo mundo bem. O importante é isso, todo mundo bem, vamos resolver. Vai ser difícil, mas vamos conseguir.
RAFAEL ALMEIDA, 31 ANOS
atendente
Na tarde de sexta-feira (31), outras duas casas de bombas voltaram a funcionar em Porto Alegre. Com isso, 15 dos 23 equipamentos estão em operação nesse momento.
As Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps) que voltaram a funcionar na sexta-feira são a 22 (Trincheira Ceará), que fica na Avenida Ceará e atende parte do bairro Navegantes, e a número 3, que fica na Avenida Castelo Branco em área do bairro São Geraldo. Ambas ficam no Quarto Distrito.