O DC Shopping, situado no bairro Navegantes, em Porto Alegre, permanece fechado e sem previsão de reabertura em razão dos estragos da enchente de maio. Nesta quarta-feira (26), a reportagem de Zero Hora circulou pelas áreas externas e internas do empreendimento, que completará 30 anos em 2024. Foi possível ver os efeitos da destruição e diversas lojas sendo submetidas a faxinas com auxílio de equipamentos de lava-jatos.
— Não conseguimos ainda limpar toda a área comum dele. Estamos com muitas dificuldades com a parte hidráulica principalmente — revela a superintendente do DC, Marise Mariano, que também preside a Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes (AEHN).
Curiosamente, uma imagem feita pelo fotógrafo Sioma Breitman da enchente de 1941 está exposta em uma parede perto da entrada do shopping na Rua Frederico Mentz. Na foto histórica se vê a marca d'água da cheia do mês passado. A altura chegou a 2m20cm.
Fechado desde 3 de maio, o shopping ainda não foi totalmente limpo. O local ficou inundado durante 28 dias. Os lojistas promovem a limpeza dentro dos ambientes, enquanto o DC coordena o processo nas áreas em comum. Na segunda-feira (1º), uma empresa especializada em higienização deverá reforçar o serviço. Entre lojas, escritórios e espaços gastronômicos, são cerca de 65 estabelecimentos. Os prejuízos são incalculáveis.
Após a água baixar no DC, foi retirada a lama, que chegou a ter 20 centímetros de altura na fachada de acesso da Rua Voluntários da Pátria. Metade do estacionamento já foi limpa. Lojas de móveis e tapetes foram destruídas e tiveram imensas perdas. Muitas vitrines quebraram. Alguns dos espaços de quase mil metros quadrados estão completamente vazios.
A jardinagem precisará ser refeita em vários pontos, porque as plantas, árvores e flores apodreceram em decorrência do excessivo contato com a água. As duas quadras de beach tennis que eram um sucesso de público estão irreconhecíveis. O piso delas apodreceu e houve danos em outros setores dos espaços. O local onde ficava a antiga churrascaria Vitrine Gaúcha ainda está com resquícios de barro. A praça de alimentação também está sendo submetida à limpeza. Houve danos nas subestações de energia elétrica.
Questionada se não haverá debandada dos lojistas após e enchente, Marise Mariano contextualiza o cenário deste momento.
— Temos alguns que querem retornar, dependendo do prazo para reabrir, e outros que têm receio de investir outra vez. Não temos ainda uma garantia de que não vá acontecer novamente essa tragédia. O sistema de contenção de enchente é frágil — observa a superintendente, que trabalha na região há 40 anos.
Segundo a mandatária da Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes (AEHN), já houve reunião com a prefeitura para tratar do cronograma de recuperação do DC. A estimativa é de que sejam necessários pelo menos R$ 500 milhões para reconstruir o que foi destruído pela cheia.
— Vamos ter que ter muita paciência nos próximos três meses. As pessoas não estão vindo porque ainda está muito deprimente a chegada. As ruas precisam ser limpas. É um trabalho lento mesmo — conclui Marise Mariano.
Associação dos Empresários do Quarto Distrito Atingidos pela Enchente prepara festa para motivar população da região
A Associação dos Empresários do Quarto Distrito Atingidos pela Enchente foi criada durante a cheia para defender os interesses das micro e pequenas empresas atingidas pelas águas. A entidade programou uma festa no estilo arraial para o dia 6 de julho, das 10h às 17h. Porém, em função da previsão de chuva, transferiu a data para 13 de julho. O local do evento será em frente ao empreendimento 4D Complex House, da ABF Developments, situado na Rua Almirante Tamandaré.
O objetivo da festa é melhorar o ânimo da população do 4º Distrito e atrair público de outros bairros da Capital. Haverá músicos e barracas com pinhão e outros alimentos típicos. Conforme a Associação dos Empresários do Quarto Distrito Atingidos pela Enchente, quase 4,3 mil estabelecimentos da região foram atingidos pela inundação.
O presidente da associação, Arlei Romeiro, avalia como está o cenário neste momento na região.
— Estamos nos virando do jeito que podemos e por conta própria fazendo a reconstrução — afirma, dizendo que o recolhimento de entulhos tem sido feito pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).