Comerciantes e funcionários deram início nesta terça-feira (21) à limpeza da Estação Rodoviária de Porto Alegre, no Centro Histórico. O local, tomado pela lama e com as ruas no entorno ainda com água batendo acima do joelho, não tem data para normalizar as atividades.
Isto porque, antes do terminal reabrir as portas, será necessário recuperar as pistas da estação, tomadas pelo lodo, e a avaliar o sistema hidráulico e a rede elétrica do prédio. Além disso, segundo o diretor de Operações da Estação Rodoviária, Giovanni Luigi, enquanto a energia não for religada, não será possível retomar os serviços no espaço.
— A pista está com muito lodo ainda. A prioridade número um nossa é a segurança — destaca.
A limpeza do local só foi possível por conta do recuo da água na região, que segue atingindo espaços nas imediações. Neste primeiro momento, o foco da limpeza está no hall de entrada da rodoviária e nos guichês.
Segundo Luigi, ainda há fatores externos que inviabilizam a normalização do serviço, como o não funcionamento das estações da Trensurb.
— Milhares de passageiros vêm até a rodoviária pela Trensurb ou pelas ruas aqui no entorno. A gente não tem como saber quando o serviço do trem será normalizado e isso também afeta — disse.
Recomeço
Há 20 anos trabalhando na Estação Rodoviária de Porto Alegre, o comerciante Girlei Agnes, de 41 anos, tem dois estabelecimentos no local. Um dos pontos funcionava 24h. Com o avanço das águas, o alerta de uma funcionária, que integra a equipe de 22 colaboradores, o fez ir ao local no momento em que o cenário se agravava.
— A água começou a entrar aqui por volta das 5h de sexta-feira (3 de maio). Viemos correndo para retirar ela e o que conseguíssemos. É um cenário desolador — lamenta.
Mesmo diante da sujeira deixada pela enchente, com lama e resíduos espalhados pelo chão da rodoviária — que ainda tinha água acumulada em alguns pontos até a tarde desta terça-feira —, o comerciante já projeta um recomeço.
— Agora teremos que esperar esta água escoar completamente para acessar a loja e recomeçar. Vamos manter os funcionários e não vamos desistir. Passamos por algo um pouco parecido em 2015, mas vamos seguir — afirma.
Douglas Rosa Gonçalves, 32 anos, mantém o comércio da família na rodoviária desde o começo da década. O estabelecimento surgiu no local há 40 anos, quando ele ainda nem havia nascido. Agora, no entanto, o momento é de incerteza para o empresário, para seus familiares e para os 12 funcionários do negócio.
— Nossos contratos terminam em pouco tempo e fizemos investimentos. Agora, nós precisamos saber se vamos permanecer por um longo tempo e viabilizar a recuperação. Temos dificuldade com os aluguéis e sempre é um impasse com o Daer. Esperamos que não nos cobrem nesse primeiro momento — explica Douglas.
Terminal provisório
Enquanto a rodoviária não é reativada, ônibus para outras regiões do Estado estão usando o Terminal Antônio de Carvalho, na zona leste de Porto Alegre. A expectativa é de que o número de viagens seja ampliado no decorrer das próximas semanas, dependendo da liberação das estradas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Atualmente, são oferecidas 55 viagens diárias para Litoral Norte, Sul, Fronteira Oeste, entre outras regiões.