Pouca fumaça e quase nenhum cheiro de carne saíam da chaminé queimada da Churrascaria Barranco às 13h desta segunda-feira (26). Horas depois de o motor de exaustão das churrasqueiras pegar fogo e erguer labaredas por fora da estrutura, a casa funcionava normalmente. Dezenas de clientes almoçaram no pátio e nos corredores do restaurante, onde o aroma de alimentos no calor da brasa era mais perceptível.
Filés, entrecôtes e vazios eram servidos normalmente, sem indícios do princípio de incêndio que mobilizou os bombeiros na noite anterior em uma das principais cozinhas de Porto Alegre. Quem estava nela diz não ter percebido nada do que acontecia na rua antes de o aparelho com problema precisar ser desligado. O susto foi maior para quem viu as primeiras imagens que circularam nas redes sociais, com chamas alaranjadas em volta da tubulação de metal.
— Em um vídeo tinha um rapaz com mangueira jogando água perto do fogo, vimos que era pouca coisa — comenta Júlio Só, 74 anos, que estava em casa no momento do fogo e nesta segunda dividia uma mesa perto da cozinha e um bife à milanesa com o amigo José Luiz Marques, 67 anos.
O princípio de incêndio controlado rapidamente pelos bombeiros na noite de domingo (25) se iniciou em uma pane mecânica, provavelmente causada pela alta demanda da churrasqueira.
O proprietário e fundador da churrascaria, Elson Furini, 74 anos, explica que a manhã foi de visitas de engenheiros e eletricistas para revisar as condições de funcionamento de todos os componentes da cozinha. O gerente do Barranco, Leocler Piccini, o Mano, 61, foi o primeiro a chegar no estabelecimento, por volta das 7h, para garantir que o funcionamento seguiria normalmente nesta segunda.
— Por sermos um dos poucos lugares que fica aberto normalmente no Natal e no Ano-Novo, estávamos lotados e com fila na rua — comenta Mano.
— Umas seis ou sete mesas se assustaram na hora e saíram correndo, sem nem pagar. Mas metade já voltou hoje (segunda-feira) e quitou. Tenho certeza que o restante também voltará, são gente boa — projeta Elson Furini, bem-humorado.
Entre a operação de uma mesa de salada e o transporte de uma tábua de vazio entre as árvores da rua, os garçons relatavam aos clientes como tinha sido o episódio. Contam que, em um primeiro momento, nem perceberam o problema, olhando para a chaminé apenas quando ela começou a fazer sons em razão da sobrecarga no motor que suga a fumaça produzida pela churrasqueira e a leva para o alto, parte principal do sistema de exaustão.
— O pátio estava cheio, e a gente trabalhava normalmente. Percebi que tinha muita gente olhando pra cima, outros com celular na mão, alguns com pressa para pagar e sair. Quando ouvi uns estouros que, aí sim, subiu uma labareda e vi que tinha algo errado. Na hora o pessoal se deu conta. Foram lá dentro e desligaram o motor da exaustão, o que já diminuiu bastante o fogo — lembra Jorge dos Santos, 47 anos, garçom do Barranco há 17.
Na Avenida Protásio Alves desde 1969, a Churrascaria Barranco vai acender sua churrasqueira nos próximos dias com um exaustor secundário de maneira provisória, mas garantindo o almoço e a janta de quem aparecer por lá. Nenhuma das árvores ou qualquer outra parte da estrutura física, além do motor, foi afetada pelas chamas que surgiram no topo da chaminé e derreteram parte da pintura externa. Apesar das imagens impactantes do primeiro acidente deste tipo no local, ninguém ficou ferido e não houve alteração no horário de atendimento da casa.
— Teve gente que nem deu bola para o fogo, seguia comendo e bebendo. Clientes e amigos que estão na praia nos ligaram para saber se estava tudo bem. Hoje já mandei um vídeo da churrasqueira funcionando e ficaram felizes de saber que tá tudo certo — sorri Jorge.
No final de semana do Ano-Novo a programação será alterada apenas no dia 31, com almoço entre 11h e 16h. No dia 1º o trabalho será em expediente normal, com expectativa, mais uma vez, de casa cheia para saborear os pratos do Barranco.