As mudanças impostas para evitar a possível transmissão de coronavírus não desanimam as mais de cem crianças atendidas pela Associação Esportiva e Cultura Pró Esporte (Aespe), no bairro Bom Jesus, na Capital, no retorno às atividades presenciais. No final de maio, as aulas de capoeira, vôlei e futsal voltaram a ocorrer em grupos menores – no máximo 15 crianças –, com uso de máscara obrigatório e distanciamento entre os alunos. Além disso, as atividades passaram a ter apenas 45 minutos, para que haja tempo de limpar os equipamentos usados entre uma turma e outra. A vontade de participar do projeto, porém, continua a mesma – se é que não aumentou.
– Essa volta é tudo de bom, é coisa de Deus, mesmo – afirma Eduardo Maciel Correa, 14 anos, um dos alunos que retomou às aulas presenciais, e participa das ações desde 2019.
A associação começou em 2013, com o objetivo de oferecer atividades esportivas e culturais. Em 2018, iniciaram as atividades no Centro Esportivo e Cultural Bom Jesus, no bairro de mesmo nome. O espaço é cedido pela prefeitura da Capital para as aulas, que são gratuitas e recebem crianças e jovens dos seis aos 16 anos, e os recursos vêm de patrocinadores. Em 2019 e 2020, o projeto da associação foi contemplado em editais da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.
Desde março de 2020, as atividades vinham sendo realizadas de forma remota. Os jogos, é claro, não eram possíveis, mas os professores passavam conteúdo teórico relacionado aos esportes, além de exercícios físicos e desafios para os alunos.
– As atividades online tinham baixa adesão, quando comparado ao presencial. Muitas crianças não têm telefone próprio, dependem do celular dos pais. Ou, então, a internet não dura o mês inteiro, e a prioridade é para as atividades da escola. Sem falar que elas também estavam um pouco saturadas com as atividades remotas – explica Vinicius da Silva Alves, presidente da Aespe.
Recentemente, todas as crianças do projeto receberam um kit com calção, camisa, agasalho e mochila.
Sonhos
Antes da pandemia, Eduardo jogava bola nas atividades da associação e também em outra ONG, que oferece aulas de futebol de campo. Durante o período em que as atividades foram exclusivamente de forma remota, ele também passou a participar dos grupos de vôlei e de capoeira. Mas o futsal continua sendo o seu favorito:
– Eu sempre joguei bola. Por mim, jogaria todos os dias (risos)! Quanto mais, melhor, amo futebol. Ser jogador é um sonho desde pequeno. Hoje em dia, sei que já é difícil por causa da minha idade, mas ainda tenho esse sonho. Talvez, no futsal – conta.
Colega de Eduardo no projeto, Richard Andrades destaca a saudade que sentiu das aulas presenciais presenciais:
– As atividades remotas eram fáceis, mas sempre ficava aquela vontade de ir lá, conversar com os professores, fazer as aulas. Agora, tem todo um protocolo. A gente sempre usa máscara e bastante álcool gel. Tá legal voltar.
Segundo o presidente Vinícius, o protocolo para o retorno foi desenvolvido juntamente com a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude de Porto Alegre. Em cada encontro, as crianças são alertadas de que seguir as regras é um pré-requisito para que as atividades presenciais continuem:
– Eles sabem que, se não for assim, não poderíamos continuar. A adesão está sendo boa. Nas primeiras aulas, de 15 vagas, recebemos uma média de 10 crianças.
Desenvolvimento integral
O objetivo da Aespe vai além de ensinar esportes. A metodologia do projeto, segundo Vinícius, consiste em trabalhar o desenvolvimento integral.
– A gente se preocupa em fazer com que as crianças tenham um futuro adequado. Trabalhamos questões como o respeito às regras, a coletividade, a cooperação. E percebemos uma evolução deles – conta Vinicius, que segue:
– Tudo é feito com base em muita conversa. Em todo o início de aula, fazemos rodas de conversa e fechamos “acordos” com os alunos. O ambiente é de amizade e parceria.
A roda de conversa citada é justamente a parte preferida da aula para Lavínia Maciel, 10 anos, irmã de Eduardo, que também pratica as três modalidades esportivas oferecidas:
– Nas rodas a gente fica conversando sobre várias coisas. Sobre os cuidados pra não pegar covid, por exemplo. É o meu momento favorito.
Participe
- O projeto ainda tem vagas disponíveis para crianças e jovens entre seis e 16 anos. As aulas ocorrem no bairro Bom Jesus, e todas as crianças devem ter frequência na escola.
- Inscrições com o professor Daniel de Farias pelo telefone (51) 99631-1165. Informações pelo e-mail contato@valorizeprojetos.com.br