As seis mortes nos 12 primeiros dias de 2021 fizeram as forças de segurança de Bento Gonçalves ficarem em alerta. O município conseguiu reduzir o número de homicídios no ano passado, alcançando o menor índice dos últimos cinco anos; contudo, a chacina com quatro mortos no bairro Municipal em janeiro relembrou que as facções continuam ativas e buscando o domínio da venda de drogas na cidade.
A execução de irmãos, sobrinho e primo com mais de 39 tiros ocorreu no dia 6 de janeiro. Menos de uma semana depois, duas mortes foram registradas no bairro Vila Nova. Segundo a Polícia Civil, um homem atirou contra um rival, mas ficou sem munição e foi perseguido por amigos de sua vítima. Ele foi morto com por golpes de faca e teve a cabeça esmagada com uma pedra.
De acordo com o delegado Clóvis Rodrigues de Souza, os dois crimes não tem relação. A única semelhança vista é que as vítimas possuem uma ficha policial que evidencia a vida criminosa.
— Por enquanto, não há nenhuma relação entre as duas ocorrências. O que houve é uma situação pontual que acaba elevando os índices. Estamos adotando as mesmas práticas que deram bons resultados em 2020, em relação ao número muito grande de homicídios de 2019. O índice de 50% de redução que tivemos é muito considerável — ressalta o delegado titular de Garibaldi e que atua em substituição em Bento Gonçalves neste mês.
A atenção para possíveis movimentações criminosas também foi ampliada pela Brigada Militar (BM). Inclusive o 4º Batalhão de Choque, com sede em Caxias do Sul, foi acionado para incursões na cidade. No entanto, o comando local não percebe que esteja se instaurando um novo conflito de facções, como os que ampliaram o número de assassinatos em 2018 e 2019 — ambos terminaram com 52 mortes por violência.
— A primeira ocorrência foi um confronto pelo desacordo entre facções. O segundo aparenta ser mais uma briga, algo mais pontual. Claro que tudo está em investigação pela Polícia Civil, mas fazemos reuniões constantes e diversas ações estão sendo tomadas. Está sendo dada uma resposta — garante o tenente-coronel Paulo Cesar de Carvalho, comandante do 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3º BPAT).
Entre as ações tomadas para a queda nos homicídios no ano passado, as forças de segurança destacam as trocas de informações entre os setores de inteligência da BM e Polícia Civil, a inclusão de Bento Gonçalves no programa RS Seguro e a inauguração da nova penitenciária na cidade, que dificultou o acesso de presos a celulares e a comunicação entre o crime organizado.
— É um trabalho permanente. Ainda não temos a identificação dos autores (dos homicídios recentes), mas os trabalhos de rua estão sendo conduzidos. Mais cedo ou mais tarde também identificaremos os autores, assim como aconteceu na chacina anterior — afirma o delegado Souza, em referência ao ataque com cinco mortos no Bar dos Amigos, crime de junho de 2019. Este caso aconteceu a cerca de 300 metros do local da chacina deste ano.
Para reforçar que o crescimento dos homicídios é pontual, o comandante do 3º BPAT salienta que os outros índices criminais, como roubos e furtos, continuam no patamar reduzido estabelecido no ano passado.
— Foi só este fenômeno, infelizmente, dos homicídios que aumentaram novamente. Mas logo será controlado. A nossa Força Tática e a patrulha com motos estão nas ruas e os resultados podem ser vistos nas prisões por tráfico, que são diárias. A integração continua com a Polícia Civil, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e também com o Batalhão de Choque — destaca o tenente-coronel Carvalho.