Elas apareceram em árvores da Praça da Encol no domingo (20). Dezenas de cartas em envelopes amarelos foram amarradas em galhos com a palavra “help” (ajuda, em inglês) escrita no verso.
Quem se deixa vencer pela curiosidade e abre um deles, recebe um recado motivador: “Muitas pessoas te amam, por isso vale à pena recomeçar”; “Todo esforço vale mais do que você pode imaginar”; “Você pode a partir de agora plantar novas sementes, não desista”. A cor lembra o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio
Essa última mensagem estava escrita na carta que a advogada Ana Carolina Ely, 30 anos, apanhou. Ela estava caminhando com o irmão quando viu as folhinhas balançando ao vento.
— Eu já tive na família relatos de pessoas com depressão, em várias fases. Acho muito especial receber a oferta de ajuda de alguém — destaca.
A ação foi feita por voluntários do grupo de jovens da Igreja Universal (Força Jovem Universal do Rio Grande do Sul) na Praça da Encol e em outras áreas de Porto Alegre. Mas também foi vista em várias cidades pelo país: levando o nome Um Milhão de Motivos para Recomeçar, o objetivo foi distribuir mais de 1 milhão de cartas em todo o Brasil. Help — a palavra escrita no envelope — é na verdade o nome de um dos projetos dos jovens, que tenta ajudar no dia a dia pessoas que sofrem de depressão, automutilação ou têm desejo de suicídio.
— Durante a ação deste domingo, pudemos ver pessoas encontrando um motivo para sorrir, e outras guardando para entregar a amigos — destaca a voluntária Larissa Ierque, jornalista, 24 anos.
Para a psiquiatra Berenice Rheinheimer, diretora da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), demonstrações de apoio podem fazer a diferença e evitar tentativas de suicídio. Ela destaca que cabe a cada pessoa ficar atento a sinais dentro da família e no círculo social próximo, procurando sintomas de depressão, e ressalta também a importância de se buscar ajuda quando a possibilidade de cometer suicídio passa pela cabeça:
— A recomendação é buscar ajuda, na família, com amigos ou rede de apoio. Também é possível contatar o Centro de Valorização da Vida (o CVV é um canal de apoio emocional e prevenção do suicídio, pelo fone 188).
Neste link, há mais informações sobre como ajudar ou buscar ajuda.
*Colaborou Amanda Caselli