Ainda não está uma maravilha, mas os comerciantes já encontram motivos para celebrar a volta das vendas neste primeiro sábado de reabertura após meses de pandemia. Afinal, pela primeira vez em semanas, shoppings, lojas, bares e restaurantes puderam abrir de forma simultânea no Rio Grande do Sul. Mesmo que com horários restritos e ocupação de apenas 50% dos espaços. Shoppings e alguns bares ficaram com a máxima lotação permitida, o que virou motivo para comemoração no varejo, mas nas lojas o consumo continua tímido.
— As vendas foram melhores do que as da última abertura, que foi no Dia dos Pais, mas o comprador ainda se mostra bastante retraído — resume Luiz Carlos Bohn, da Fecomércio, entidade que congrega 540 mil empresas e 1,5 milhão de empregos formais no Rio Grande do Sul.
Ele considera que os melhores resultados foram para lojas de materiais ópticos e eletrônicos, ainda em torno de 5% abaixo de agosto de 2019. Já no vestuário, as vendas foram piores, cerca de 40 % abaixo do mesmo período do ano passado.
— Nas lojas de rua houve muito movimento, mas o consumidor ainda procura bens de pequeno valor. A alimentação que está tendo um desempenho excepcional, inclusive nos gêneros alimentícios. Muita procura neste item. Material de construção está sendo muito procurado também, já com falta de muitos itens — especifica Bohn, que considera o resultado, no geral, além da expectativa para uma situação “ainda de pandemia”.
Írio Piva, do CDL Porto Alegre (que representa 4 mil estabelecimentos, responsáveis por 11,8 mil empregos), visitou cerca de 20 lojas e está um pouco menos otimista: considera o movimento “razoável”. Ele acredita que está entre 50% e 70% do registrado na mesma época no ano passado.
— O importante é ter reaberto. E evitar o abre e fecha de meses anteriores na pandemia — opina.
O setor que mais motivos tem para saudar o afrouxamento de restrições é o de bares e restaurantes. Foi permitido a eles abrir até as 22 horas, algo que não acontecia desde maio. Mesmo assim, o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, é cauteloso:
— Não foi um sábado ruim, até porque reabriu à noite após quatro meses, mas lógico que ainda não voltou ao normal.
Henry destaca que ocorreram excessos, tanto por parte de alguns bares – que permitiram lotação além do estabelecido na legislação – como por parte da fiscalização. Ele ressalta o caso de uma cafeteria na Rua Hilário Ribeiro que foi obrigada por fiscais a fechar 10 minutos antes do horário estabelecido, mesmo tendo respeitado os 50% de limite na ocupação do espaço.
— Foram constrangidos pelos fiscais quando as portas estavam fechadas, mas com clientes ainda lá, o que é permitido. Isso não pode acontecer. Assim como os donos de bares também devem evitar lotações, como aconteceu em alguns lugares. Ainda estamos em pandemia — define o presidente do Sindha, que congrega 12,5 mil estabelecimentos na Região Metropolitana.
Os 12 shoppings da Capital tiveram performances diferenciadas. Alguns registraram o maior movimento desde o início da pandemia, em outros a presença da clientela foi aquém do esperado. Eduardo Oltramari, representante da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) no RS, diz que o fluxo foi muito intenso, bem mais que as vendas. Ele destaca a adoção de protocolos rígidos por parte dos centros comerciais, com a chancela do grupo hospitalar Sírio-Libanês, e reclama apenas que não puderam ficar abertos até as 22 horas, como os bares.
Oltramari está otimista e acredita que, mantido o ritmo de redução nas mortes e contaminações diárias por covid-19 no RS, seja provável a reabertura dos shoppings aos domingos no último fim de semana do mês.