O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, falou na manhã desta sexta-feira sobre retorno das escolas e pressão de algumas igrejas para a liberação de cultos na cidade. Questionado no programa Gaúcha Atualidade sobre uma flexibilização ainda maior das atividades econômicas, Marchezan destacou que ainda não há nenhum setor na “fila de espera”. Mas já há certeza de que as escolas e universidades não abrirão até o fim de maio:
— A escola, o ensino, movimenta cerca de 300 mil pessoas na cidade. Elas ficam em uma sala por três a quatro horas, com 20 a 30 pessoas. Ficar neste ambiente é um fator de contaminação elevado: pelo tempo, pela proximidade e pelo volume de pessoas. Deve ser um dos setores que voltará de forma gradual. No mês de maio, não será.
Além das atividades essenciais, indústria, construção civil e outras atividades, como alguns tipos de comércio, estão permitidos. A prefeitura está fazendo análises diárias de comportamento. Novas avaliações devem ser feitas após o dia 15 deste mês.
Entre os setores que ainda não abriram as portas, além de igrejas e escolas, está o dos shoppings centers, academias e clubes sociais.
— Não existe decisão ideal neste momento. Colocamos um volume grande de pessoas em movimento. Já é um passo grande. E é o suficiente para a gente conversar e explicar. É necessário no mínimo duas semanas para ir acompanhando, e conversando com setores.
Pressão para abertura de igrejas
Na entrevista, o prefeito também falou sobre a pressão de algumas igrejas evangélicas para a liberação de cultos. Por enquanto, só é permitido fazer transmissões online ou gravar as celebrações. A reunião de fieis está proibida na Capital.
Sem citar quais são as igrejas, Marchezan disse que tem sido atacado:
— Uma estrutura de comunicação liderada por igrejas tem feito isso de forma absolutamente sem pudor, sem moral, e sem nenhum princípio de religião que pudesse orientar a população a se “religar” com algo espiritual. Eu registro isso porque, neste momento, ter que me preocupar com isso, buscar ações judiciais para proteger minha família e meu nome, é uma preocupação inadequada e injusta por um motivo torpe, que é reunir pessoas para faturar. Só pode ser esta a explicação — desabafou.
Conforme o prefeito, grande parte das igrejas tem entendido isso e mantendo a relação com os fieis de outras maneiras.
— Por que liberaríamos um ambiente que reúne 30 pessoas, se não liberamos uma escola? Será que as pessoas que vão aos cultos não podem, por algumas semanas e meses, ter seu momento espiritual religioso de outra forma? Não temos previsão de liberar no mês de maio, e não vai ser com agressões pessoais, nem com ameaças e recados, nem com influência na Câmara, que alguma decisão será tomada.