Pessoas pedindo o fim da quarentena causada pela pandemia de coronavírus e a reabertura do comércio em Porto Alegre começaram uma carreata pelas ruas da área central da Capital por volta das 14h10min desta sexta-feira (27). A ação começou com uma reunião de manifestantes pouco depois das 13h, no Largo Zumbi dos Palmares.
Os veículos passaram buzinando pelos prédios da Rua João Alfredo, próximo à Travessa do Carmo. O clima foi hostil, porque moradores do bairro Cidade Baixa batiam panelas e xingavam os participantes do ato. Uma pessoa na calçada foi contida pela Brigada Militar após bater a panela em um dos carros.
Após, os manifestantes circularam pela área central, buzinando em frente ao Palácio Piratini. O ato passou ainda pela prefeitura de Porto Alegre, e muitos manifestantes estavam criticando as medidas adotadas pelo prefeito Nelson Marchezan.
Um dos primeiros da fila, aguardando com o carro para começar a circular, era o arquiteto Roberto Antônio Becker.
– A gente precisa trabalhar. O Brasil não pode parar. A gente está vendo que este vírus está parecendo uma fraude. É uma construção falsa. A H1N1 matou mais. Eu acho que querem derrubar governos, talvez a economia do Ocidente – disse.
O que o arquiteto disse, entretanto, não procede. Em apenas quatro meses de pandemia, as mortes por coronavírus já superaram o total de ôbitos registrados pela gripe H1N1, entre anos de 2009 e 2010. A informação foi divulgada na quinta pela Organização Mundial de Saúde.
Outros entrevistados entendem os riscos do coronavírus, mas afirmam que precisam voltar às atividades. O empresário Paulo Marofiski, dono de uma loja de eletrônicos, disse que tem sete funcionários, mas que a crise pode chegar.
– Eu temo o vírus. Mas acho que temos que cuidar do grupo de risco. Os velhos devem ficar em casa, e quem se sentir bem vai trabalhar. Eu tive que dar férias coletivas. Tá chegando a hora de se mexer. Depois vem recessão e desemprego. Ninguém quer isso.
Paula Cassol, do movimento Livre Iniciativa para todos e uma das organizadoras do ato, diz que o objetivo não era realizar aglomerações. Segundo ela, as ações da prefeitura extrapolam as orientações do ministério da saúde.
– A ideia é fazer com que cada pessoa fique no seu carro. As ações da prefeitura abusam e extrapolam o que o ministério da saúde diz. Também já temos remédio para curar as pessoas – comentou ela, em meio aos buzinaços.
Por volta das 16h30min, já no final da manifestação, a carreata passou buzinando próximo a prédio em que mora o prefeito Nelson Marchezan. A rua chegou a ser isolada.
Ainda não há um remédio contra o coronavírus
Considerada promissora no combate ao coronavírus após estudos preliminares, a cloroquina – um medicamento utilizado principalmente no tratamento de malária e doenças autoimunes – será usada no Brasil em casos graves da covid-19 .
O Ministério da Saúde orientou os profissionais da saúde a utilizarem o remédio apenas em pacientes hospitalizados. A pasta também salienta que “a cloroquina e a hidroxicloroquina não são indicadas para prevenir a doença nem tratar casos leves”.
Até o momento, ainda não há uma vacina contra a covid-19. Contudo, laboratórios já estão estudando como criar uma imunização aplicável em escala global. No momento, há mais de 20 vacinas sendo desenvolvidos ao redor do mundo. Cientistas esperam ter uma vacina pronta para testar em humanos no início de junho.