A recuperação de praças e parques de Porto Alegre por uma empresa privada teve início nesta quinta-feira (5), na Zona Leste. O ponto escolhido para as intervenções é a Praça Morro da Cruz, na Vila São José, bairro Partenon — o espaço com vista para a cruz que dá nome ao morro padece de cuidados.
Na terça-feira (3), a prefeitura assinou contrato de 12 meses, no valor de R$ 24,8 milhões, com a Ecsam Serviços Ambientais. A empresa, escolhida por licitação, tem a meta de recuperar 602 espaços sob responsabilidade do poder público — há outros 74 adotadas pela iniciativa privada.
— Quem cuida são os moradores e uma ONG que pintou os brinquedos. Moro há sete anos aqui e nunca vi qualquer equipe da prefeitura — desabafa Paulo Borela, 40 anos, que vive em frente a uma das duas esburacadas quadras de futebol.
À primeira vista, se destacam na praça as telas rasgadas e contorcidas próximo ao piso irregular. Em vez de degraus, dois pneus preenchidos com terra e pedras servem de acesso à calçada. Uma espécie de mangueira chumbada em um pedaço de madeira é usada como cesta de basquete.
Na parte superior, outra cancha tem seu fim em um barranco por trás do gol. Sem alambrando em uma das extremidades, é alvo de reclamações dos vizinhos.
— Há anos, a gente reivindica o fechamento das canchas. É bola direto nos telhados. Mas ninguém faz nada — afirma Vanessa D’Avila, 37 anos, que vive ao lado do espaço.
Na terça-feira, ao assinar o contrato milionário, o secretário de serviços urbanos, Ramiro Rosário, reconheceu que “muitas praças estão abandonadas e não recebem há bastante tempo a atenção adequada”.
O empresário Rodrigo Siqueira, 37 anos, diz que o local virou ponto de usuários de droga:
— Está abandonada. Tem usuários de drogas que vêm para cá e morador de rua que dorme aqui. O que era pra ser lazer virou isso.
A prefeitura afirma que, até 2017, servidores eram responsáveis pela manutenção, com investimento médio anual de R$ 500 mil. O primeiro contrato com a Ecsam foi firmado em 2018, ao custo de R$ 1,5 milhão. A Ecsam terá cerca de 60 funcionários na recuperação dos parques e praças — 35 diretos e 25 de forma indireta.