O nível de informação dos moradores do bairro Morada do Vale II, em Gravataí, sobre a presença do Aedes aegypti na comunidade é tão pequeno como um exemplar do mosquito. Mesmo sendo o local onde foi detectado o primeiro caso de zika autóctone – contraído dentro do Rio Grande do Sul – em 2019, a informação está pouco disseminada no local. Questionada pela reportagem, a vizinhança se mostrou surpresa com a existência do mosquito transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya na região.
– Não estava sabendo. A gente tenta cuidar, né? Mas tem muitos pátios por aí com piscinas sujas, água parada, além do mato crescendo em alguns pontos. Se não for para todo mundo fazer sua parte, não adianta, acaba acontecendo – acredita o metalúrgico José Pereira, 53 anos, que vive no bairro há 12 anos.
Para a comerciante Araci Xavier dos Santos, 54 anos, a situação é resultado da “fiscalização fraca por parte da prefeitura”.
– Os agentes passam, dão uma olhadinha e vão embora. Tem casas que eles nem entram, por que os moradores não deixam. Todo mundo tinha que ser obrigado a mostrar que está dentro do adequado. Por isso está assim – aponta Araci.
Cuidados
A moradora, que está há 33 anos na região, também acredita que as áreas de mata fechada nos arredores do bairro sejam locais de proliferação de mosquitos:
– Não adianta colocar a culpa nos vasos de flores. Tem que olhar essas áreas, onde pode ter concentração de água parada.
Para evitar problemas, a vendedora Magda Gonçalves, 62 anos, troca a água de seus cães diariamente. Além disso, nenhuma das plantas do jardim tem vasos ou potes que podem concentrar água:
– Mesmo fazendo a nossa parte, sempre tem alguns locais abandonados que geram preocupação.
Caso diagnosticado em jovem
O caso de zika vírus na Morada do Vale II foi diagnosticado em uma jovem de 17 anos. Segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), os sintomas apareceram no dia 7 de janeiro, quando ela teve dor ocular e visão turva. Depois de procurar a rede básica, ela acabou sendo internada no Hospital Nossa Senhora da Conceição, na Capital.
Os exames da jovem foram encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/RS). Somente na semana passada, no dia 21 de janeiro, o diagnóstico de zika foi obtido.
O vírus não atingia ninguém no Estado desde 2017 – no ano passado, não houve nenhum registro –, quando dois casos importados foram diagnosticados. Em 2016, foram 44 casos autóctones da doença.
Gestantes recebem repelente
Depois do diagnóstico no Lacen/RS, a prefeitura foi comunicada e deu início aos protocolos de ação e prevenção, conforme explica o secretário de saúde de Gravataí, Jean Tormann.
– Reforçamos o número de equipes nos bairros da região. Estamos com uma ação mais intensa, entrando também nos locais onde não éramos autorizados. A ideia é que as visitas e remoções de resíduos de risco sigam reforçadas até o fim desta semana.
Além disso, o secretário ainda explica que repelentes estão sendo distribuídos para gestantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região. A preocupação é em razão de a zika poder causar microcefalia em bebês ainda em gestação.
Mais informações podem ser obtidas com a prefeitura de Gravataí pelo telefone 156, por onde também é possível denunciar pontos com possíveis focos do mosquito.