
Construído sobre um antigo cemitério, um dos prédios mais belos e tradicionais de Porto Alegre celebra 130 anos procurando preservar sua história e repensar os planos para os próximos anos. Em processo de restauração, a Cúria Metropolitana tem um projeto que prevê a instalação de museu, cafeteria e espaço cultural defronte à Rua Fernando Machado, mas a Igreja Católica cogita redirecionar essa área ao acolhimento de pessoas pobres, com oferta de serviços como banho e alimentação.
O prédio de três níveis idealizado pelo engenheiro francês Jules Villain e construído sob supervisão do arquiteto alemão Johann Grünewald foi concluído em 1888. Antes de funcionar como sede administrativa, serviu como seminário, colégio e, mais tarde, ponto de hospedagem. Até hoje, sua bela arquitetura impressiona os visitantes — que podem circular pelo pátio interno mediante agendamento prévio (leia mais abaixo).
Um dos pontos altos da obra, localizada atrás da Catedral Metropolitana com entrada pela Rua Espírito Santo, é o pátio interno com um jardim onde não se escuta qualquer ruído do centro da cidade ao redor. De lá, onde se encontra o busto de dom Sebastião Larangeira (um dos responsáveis pela construção), se pode observar a imponente cúpula da Catedral. A fachada da Fernando Machado, hoje com acesso bloqueado, é outro destaque arquitetônico do conjunto, com inscrições em latim e escadarias.
Existe um projeto para recuperar essa área e instalar ali museu, cafeteria e espaço cultural. Mas, segundo o arcebispo dom Jaime Spengler, há a intenção de modificar esse plano e, sob inspiração dos ensinamentos do papa Francisco, dedicar a área à população mais desfavorecida da Capital.
— Há um sonho de que a casa do bispo seja também a casa dos pobres. A intenção para a Cúria, hoje, é ampliar os serviços para atender os mais pobres — revela dom Jaime.
Esses serviços incluiriam espaço para banho, corte de cabelo e unhas, ambiente para oferta de refeições, entre outros recursos. Para destravar a mudança, ainda são necessárias discussões prévias sobre temas como um novo local para o museu. A expectativa é de, pelo menos, iniciar os trabalhos de reforma nesse setor no ano que vem. Seria um novo capítulo na longa história da Cúria, que será celebrada em um evento para convidados na quarta-feira (28), a partir das 19h30min, com participação do coral da PUCRS. Nesta segunda-feira (26), a imprensa foi convidada a fazer um passeio guiado pelo prédio histórico.
Na semana passada, a Catedral Metropolitana reabriu um espaço de dedicados para cerimônias. Situado no subsolo da igreja, em frente à Praça Marechal Deodoro, o salão que comporta 500 pessoas conta com um espaço histórico cultural que estará disponível para locação.
História da Cúria
- A área onde está localizado o prédio foi um dos primeiros cemitérios da cidade. Os mortos deixaram de ser enterrados lá em 1850. Durante trabalhos de reforma, ossos e materiais como um botão que pertenceu a um militar do Exército do imperador Dom Pedro II.
- Dom Feliciano José Rodrigues Prates, que estava à frente da então Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, idealizou, em 1853, a construção do atual prédio, que seria o seminário dos jovens futuros padres.
- A pedra fundamental da Cúria foi lançada em 1865.
- Em 1879, foi inaugurado o seminário. A formação dos jovens padres ocorreu no local até 1912. Logo depois, o espaço foi destinado ao Colégio Rosário. No local também funcionaria, em anos seguintes, uma hospedaria. A partir de 1948, a Cúria permanece como sede administrativa da arquidiocese.
- Atualmente, o espaço reúne Arquivo Histórico, Tribunal Eclesiástico, Batistério, Residência Episcopal e Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre.
- O prédio foi tombado pelo município em 2009. Iniciada em 2012, uma obra de reforma já concluiu a primeira fase, com a recuperação do espaço superior do prédio, gabinetes do arcebispado e do chanceler.
Para visitar
- Visitas são possíveis mediante agendamento prévio pelo e-mail arquivo@arquipoa.com ou pelo telefone (51) 3228-6199 (falar com Vanessa Campos).