O edital lançado pela Câmara Municipal de Porto Alegre para a montagem de uma ópera rock sobre a Revolução Farroupilha será tema de uma reunião nesta terça-feira (24), às 19h, do Conselho Municipal de Cultura. Conselheiros e membros da comunidade cultural poderão esclarecer dúvidas junto ao Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural (Fumproarte), órgão designado pela prefeitura para organizar a seleção.
O projeto destina R$ 350 mil à companhia interessada em realizar o espetáculo Revolução Farroupilha, uma História de Sangue e Metal, uma ópera rock baseada na obra Revolução Farroupilha (Mecenas Editora, 2015), do escritor Luiz Coronel e do ilustrador Danúbio Gonçalves, que conta a história dos farrapos em versos.
A iniciativa foi recebida com resistência no meio cultural. Além do prazo apertado — as inscrições se encerram em 20 de agosto, os vencedores serão publicados em 18 de setembro, e três apresentações na orla do Guaíba e 10 em escolas da rede pública municipal devem ser realizadas até o final do ano —, questionou-se o volume de recursos para a adaptação de uma obra pré-selecionada.
Desde o lançamento do edital, o Fumproarte vem recebendo críticas em redes sociais e, de acordo com o gestor do fundo, Miguel Sisto, tenta responder pontualmente a cada uma delas.
— Boa parte ocorre por desconhecimento do edital. Mas esse encontro com o conselho serve também para formalizarmos as críticas. Acho importante que se reflita e absorva elas para, em uma ocasião futura, se essa verba da Câmara se mantiver nos próximos anos, podermos levá-las em conta — declara Sisto.
O Conselho Municipal de Cultura poderá indicar um dos cinco membros da comissão que analisará as inscrições. Sisto concorda que o prazo é apertado, sobretudo levando em conta o tempo para as apresentações em escolas. Mas, ainda que caibam críticas, na sua opinião é importante viabilizar o projeto para manter o vínculo com a Câmara para iniciativas futuras com esse aporte anual.
— Qual é a alternativa? A alternativa é não fazer nada. E as pessoas não sabem que esse recurso, se o projeto não acontecer até o final do ano, é devolvido à Câmara. Não fica com a cultura e não pode ser investido em outros projetos — aponta o gestor.
Até agora, duas companhias demonstraram interesse e pediram esclarecimentos sobre o edital, especialmente em questões técnicas sobre as apresentações ao ar livre. Segundo Luciano Alabarse, secretário municipal de Cultura, é natural que as inscrições, de fato, ocorram apenas nos últimos dias do edital, para melhor formatação do projeto. Dada a complexidade do espetáculo, o Fumproarte espera pouca concorrência.
— Isso não é bom e nem ruim, é apenas uma particularidade de espetáculos como esse, que envolvem música, dança e dramaturgia. Mas acredito, sim, que haverá interessados. Poucos, mas qualificados — aposta Sisto.