Negócios montados por profissionais mulheres ou voltados exclusivamente ao público feminino ganharam espaço em Porto alegre nos últimos anos. Estúdios de tatuagem, academias de ginástica e até aplicativos de transporte com viés feminista já são realidade na cidade, e as alternativas têm se expandido.
Foi a partir de uma necessidade pessoal que Maira Peres, 27 anos, teve a ideia de criar a Diosa, uma plataforma digital que conecta clientes a mulheres especializadas em serviços ainda dominados pelos homens: hidráulica, elétrica, reparos, alvenaria, entre outros tipos de mão de obra. Cerca de três anos atrás, ela precisava contratar um profissional para fazer pequenos reparos na casa que dividia com dois amigos. Mas, com medo de ficar sozinha com um homem estranho em casa, resolveu buscar mulheres que realizassem esse tipo de serviço.
— Comecei a pesquisar e descobri que tinha várias mulheres que prestavam esse tipo de serviço. Então, resolvi juntá-las em um espaço que as pessoas pudessem encontrá-las. Além disso, ouvia muitas reclamações sobre serviços prestados por homens: além do receio das mulheres, as pessoas contavam experiências ruins com profissionais que não chegavam no horário, deixavam tudo sujo ou não faziam as coisas direito — conta Maira, idealizadora e uma das quatro sócias do negócio.
Atualmente, a plataforma conta com 30 parceiras de Porto Alegre e de cidades da Região Metropolitana _ nesta semana, a iniciativa foi expandida para o Rio de Janeiro. O serviço é aberto ao público: as profissionais decidem se atendem apenas a mulheres ou também a clientes homens. Além de ligar as profissionais a clientes, a Diosa promove oficinas de marcenaria, elétrica e pequenos reparos voltadas ao público feminino.
O projeto inovador já foi reconhecido internacionalmente. No ano passado, Maira foi selecionada para participar de um programa do governo norte-americano para o desenvolvimento do empreendedorismo na América Latina e no Caribe. Depois de passar um mês acompanhando o trabalho de um CEO de uma plataforma digital de avaliação de serviços, participou de um concurso com os outros 249 participantes. A iniciativa da Diosa foi a segunda colocada e recebeu um prêmio de US$ 5 mil que foram investidos na marca.
— Desde o começo, o projeto foi muito bem recebido. A gente promove uma quebra de estereótipo: mulheres podem fazer e podem fazer bem esse tipo de serviço. Acabou evoluindo para um espaço de empoderamento e de apoio às mulheres que trabalham na construção civil — destaca.