Os primeiros indícios de que o Cais Mauá ganhará uma nova feição após três décadas de tentativas frustradas foram vistos nesta segunda-feira (5) nas imediações do pórtico central.
Por volta das 7h, os primeiros operários começaram a chegar ao local, homens de capacete branco circulavam entre os armazéns, e cargas de pilares de concreto, cimento e areia foram depositadas na via interna localizada junto ao Muro da Mauá. Nos próximos três meses, a área será limpa e organizada para, então, o trabalho se concentrar na recuperação dos tradicionais armazéns. Cinco dos 11 galpões abrigam materiais com algum risco de contaminação.
As próximas semanas serão dedicadas a preparar o terreno da revitalização portuária. A primeira tarefa, já iniciada, é a construção de uma cerca de segurança com pilares de concreto e tela metálica dividindo ao meio a via interna do Cais Mauá. Pelo lado mais próximo do muro, vão circular veículos autorizados (como dos bombeiros ou da CEEE) e pessoas com destino ao embarcadouro do catamarã. Pela fração localizada junto aos armazéns, passarão caminhões, escavadeiras e maquinário em geral dedicado à obra. O cercamento deverá estar pronto até o final desta semana.
Na terça-feira (6), terá início outra medida: a limpeza e descontaminação de galpões e do solo. Uma das ações mais complexas será a retirada de dois tanques subterrâneos de combustível — localizados perto dos armazéns A7 e B3. Eles serviam para abastecer navios na época em que o cais se mantinha em operação. Agora, escavadeiras vão abrir caminho até eles, e os recipientes de metal serão cortados ainda no local e retirados em pedaços.
— Amostras do solo serão encaminhadas a um laboratório para análise a fim de verificar se há qualquer tipo de contaminação. A intenção é garantir a segurança de todos que circulem por ali — complementa o diretor de Operações do Consórcio Cais Mauá, Sérgio Lima.
A operação de faxina no cais inclui a retirada de restos de fertilizantes que costumavam ser estocados no local para posterior embarque. O armazém C4, localizado perto do frigorífico, mais ao norte, abriga resíduos de fósforo, potássio e magnésio. Já os galpões A5 e A6, na outra extremidade do cais, guardam peças de uma subestação elétrica que também serão retiradas nos próximos dias. Todos os espaços restantes, alguns fechados há vários anos, serão limpos para a chegada de um número crescente de operários.
— Vamos aumentar progressivamente o número de pessoas trabalhando até chegar a cerca de 2,5 mil. Muita gente não se dá conta, mas essa não é uma obra simples. Os armazéns são enormes, e 50 pessoas trabalhando dentro deles não são nada — sustenta Lima.
As obras, cujo canteiro principal será montado nas proximidades do Gasômetro, têm previsão para durar até 24 meses, mas a intenção dos empreendedores é concluí-la antes do prazo, em dezembro de 2019. Depois disso, o objetivo é passar às etapas seguintes da revitalização sem interrupções. Para isso, o consórcio tentará obter as novas licenças municipais em tempo hábil. A fase seguinte da obra, segundo o planejamento original, se concentraria no setor das docas. Atualmente, porém, está em estudo se o plano se mantém ou se o trabalho será remanejado para as proximidades do Gasômetro, onde está previsto um centro comercial.
— Vamos ver por onde é melhor as obras prosseguirem, com base em questões operacionais — diz Lima.
O custo previsto da primeira etapa é de R$ 140 milhões. O investimento em todo o complexo poderá chegar a cerca de R$ 700 milhões.