Após 30 anos de espera, será assinada às 10h desta quinta-feira (1º) a ordem de início para as obras de revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre — previstas para começar de fato na próxima semana. Além de permitir que o antigo projeto finalmente saia do papel, a cerimônia marcada para ocorrer na área dos armazéns, com a presença do governador José Ivo Sartori, servirá ainda para apresentar aos gaúchos os novos responsáveis por construir e administrar o empreendimento.
A ICLA Trust, que administrava o fundo de investimentos do cais, foi substituída pela Reag Investimentos, com sede em São Paulo e responsabilidade por mais de 40 fundos que somam R$ 3,8 bilhões em patrimônio líquido, e a antiga presidente da empresa Cais Mauá do Brasil, Julia Costa, deu lugar ao consultor Vicente Criscio. Caberá a ele tocar a renovação que se manteve encalhada por décadas em razão de entraves burocráticos e dúvidas sobre sua viabilidade.
Em uma entrevista concedida por e-mail, o novo responsável pela recuperação do Cais Mauá garante que não há qualquer obstáculo legal ou financeiro à vista. Confira, a seguir, trechos da conversa com Criscio.
A obra no Cais Mauá já é esperada há décadas pela população de Porto Alegre. Como a Reag vê a viabilidade desse empreendimento, após anos de entraves burocráticos e dúvidas em relação à capacidade financeira para desenvolvê-lo?
Foram expedidas todas as autorizações e foram superados os entraves burocráticos para a obtenção das licenças e o início de obras. Eram essas questões que colocavam em dúvida a capacidade financeira do projeto. Superadas essas questões, não há mais entraves para a execução e o desenvolvimento do projeto.
Foi realizada uma auditoria antes de a Reag assumir a direção do fundo de investimentos do Cais Mauá. Qual a situação encontrada?
Durante vários meses, todos os aspectos da empresa, do projeto e do fundo foram analisados, e o resultado foi de absoluta normalidade no fundo e na empresa. Devemos ressaltar que a empresa é auditada pela Deloitte, uma das quatro maiores empresas de auditoria do mundo.
Que mudanças práticas essa alteração na administração do fundo do Cais Mauá pode trazer?
Por hora, serão apenas contratados especialistas e gestores para essa nova fase.
Quanto dinheiro já há em caixa para o início da obra e até que etapa ele permite avançar?
Temos recursos suficientes para a primeira etapa do projeto (conforme informações da assessoria de comunicação da administração do fundo, essa primeira fase, que contempla a renovação dos armazéns, está orçada em R$ 140 milhões. As outras duas, somadas, estão avaliadas hoje em mais R$ 550 milhões. Ao longo da primeira etapa, serão buscados os aportes necessários para a conclusão integral do projeto).
A gestão anterior buscava muitos recursos em institutos de previdência. Serão priorizadas outras fontes de investimento? Qual será a estratégia principal para alavancar as futuras fases do projeto?
Nós não sabemos onde o antigo administrador prospectava seus investidores, mas a grande maioria dos investidores é formada por de fundos de investimento, e não institutos de previdência.