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Pelas calçadas do Centro de Porto Alegre três personagens vivem da arte que fazem na rua: um ganha a vida traçando à lápis retratos e caricaturas, o outro se vira tocando e cantando e o último é a estátua viva mais famosa da Capital. Confira como vivem artistas que escolheram a rua como palco para realizar seus trabalhos e que sobrevivem do próprio talento artístico.
O desenhista
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Na Praça da Alfândega, sentado frente a frente a um cliente, Silvio Miguel Alves, 57 anos, tem o olhar atento enquanto desenha uma caricatura. Em meia hora, o trabalho está feito.
Silvio trabalha no mesmo local há pelo menos 30 anos. Todos os dias, das 10h até as 18h. São cerca de 10 caricaturas feitas a cada mês, custando R$ 20 cada. O artista também trabalha com desenhos de retratos reais, que vende em média três por mês a R$ 90 cada.
– Faço o que me dá prazer. A arte completa meu vazio. Com meus desenhos consigo usar minha criatividade para fazer algo bom – afirma Silvio.
No fim do mês, o desenhista consegue juntar cerca de R$ 500 a R$ 600. Apesar do dinheiro ser curto, para ele, viver da arte não tem preço.
– Vivo com o que tenho. A gente sempre dá um jeito – afirma.
O músico
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De Led Zeppelin, Legião Urbana, Raul Seixas e Bob Marley, Igor Rol, 35 anos, não nega nenhum pedido do público que passa pela Praça da Alfândega. Nos shows diários, que duram cerca de três horas cada, o música usa uma caixa amplificada, onde conecta o microfone e violão e, no pé, usa meia-lua presa para dar ritmo às canções.
– A música conta a história e reflete sobre a vida de toda a humanidade. É uma das formas que Deus usa para chegar no coração das pessoas – conta Rol.
Por mês, ele consegue ganhar mais de R$ 1 mil tocando e cantando na Praça da Alfândega.
A estátua viva
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Parado, na mesma posição, por seis horas. Os intervalos só são rompidos quando alguém deposita dinheiro na caixa do argentino Abraham Ponce, 40 anos, e, então, ele realiza declamações e poesias teatrais. É assim que há 19 anos a estátua viva mais famosa sobrevive em Porto Alegre.
O ator afirma que, inicialmente, seu sonho era fazer a peça de "estátua anjo" por todo o mundo. Ao chegar em Porto Alegre, conheceu o amor de sua vida e não pensa mais em sair da cidade.
São cerca de R$ 600 por mês com o trabalho de estátua viva. Apesar do dinheiro ser curto, Ponce conta que, em Porto Alegre, tem tudo o que precisa para sobreviver.
– Vivo muito feliz aqui em Porto Alegre. Tenho o amor da minha vida e faço o que amo. Ser estátua-viva é o que gosto de fazer, não penso em fazer outra coisa. O olhar de surpresa das crianças quando me veem é algo renovador – afirma Ponce.