Ao entrar na Vila Safira, em Porto Alegre, não é difícil encontrar placas com o nome das ruas. Mas elas não foram instaladas pela prefeitura.
Há seis anos, o pintor Claudio Roberto Pagno da Costa, 54 anos, começou a fazer placas a partir de materiais que encontra no lixo, como fundo de gavetas e de roupeiros. Ele credita a ideia à necessidade – "a mãe da invenção". Em suas contas, oito em cada 10 ruas não tinham placas por lá.
– Às vezes, precisamos de uma entrega, chamar uma ambulância ou receber uma visita, e as pessoas não se encontram porque não tem placa – diz Claudio.
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Depois de cortar e pintar o material de azul, ele escreve com tinta branca o nome das ruas, à mão. Gasta apenas centavos por placa para fazer isso, além do tempo investido. Claudio calcula que já pendurou mais de 200 delas por aí, e chama sua iniciativa de "Fábrica de Endereços".
Ao ver Claudio pregando uma placa na Rua Moçambique, na semana passada, a cozinheira Neidi Fagundes Rodrigues, 36 anos, aprovou a ação do pintor.
– Essa aqui é uma avenida bem conhecida, um ponto de referência, e daí não tem nem placa com nome? – questiona. – Quando aparece alguém interessado por ajudar a comunidade é tudo de bom.
O idealizador relata que, além de facilitar a localização, quer elevar a autoestima dos moradores.
– Às vezes, as pessoas nem sabem o nome da rua onde moram. Na periferia, isso acontece. Se não tem placa, parece que tu não é parte da cidade – opina Claudio.