R$ 4 mil é mais do que o dobro daquilo que o taxista Raul Mazzilli da Rosa, 21 anos, consegue garantir mensalmente com uma jornada de 13 horas por dia levando gente para lá e para cá em Porto Alegre. Foi essa quantia que ele encontrou dentro de uma pasta esquecida por uma passageira em seu táxi na quinta-feira passada. Pegou o dinheiro, dividido em cheques. Avisou os colegas do ponto em que trabalha, no Foro Central, que alguém poderia aparecer ali atrás da quantia.
A pasta não tinha nome, tampouco endereço ou um telefone que pudesse facilitar a localização da dona. Era um final de tarde, de dia de trabalho, não valeria a pena enfrentar de novo o tumultuado trânsito rumo à Zona Sul. Até porque ele havia pego outra passageira na região, não tinha certeza sobre qual delas seria a dona dos valores.
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Raul ficou com o dinheiro. Não para si, mas para entregá-lo, no dia seguinte, ao Centro de Atendimento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), onde os mais variados objetos são deixados para que seus donos, um dia, possam reavê-los. Na manhã desta quarta-feira, 38 pertences aguardavam a retirada, de chaveiro a carteiras de identidade e de habilitação.
O taxista fez o que tinha de ser feito. Surpreende-se ao virar notícia por aquilo que considera "normal" em sua recente rotina como taxista. Há um ano, o técnico em segurança do trabalho foi demitido e resolveu embarcar na profissão do pai, dono do carro em que circula pelas ruas da Capital de segunda a sexta-feira.
– Olha, não fiz nada fora do que deve ser comum. Entreguei o que não é meu – resume, quase em tom fastidioso.
O taxista Raul Mazzilli não entregou pessoalmente o dinheiro à passageira distraída. Coube a um colega dele levá-la até a Central de Atendimento da EPTC para recuperar o valor. Raul acredita que ela vai aparecer no ponto de táxi para agradecê-lo. Mas se isso não ocorrer, sem problemas. Ele só fez o que tinha de ser feito.
Orientação da EPTC
A empresa recomenda que, ao embarcar, o passageiro sempre anote o prefixo do veículo. Caso se esqueça alguma coisa, com o prefixo fica mais fácil fazer contato com o taxista. De acordo com a funcionária da EPTC Fabiane Silveira de Mello, responsável pela coordenação do Cadastro de Operadores, já foram esquecidos bolsas, celulares, carteiras, documentos, instrumentos musicais e até um bolo de noiva.
Contato
Central de Atendimento ao Cidadão da EPTC
Avenida Érico Veríssimo, nº 100, das 9h às 16h (atendimento externo), fone 156/118.
Contatos com a EPTC também pelo e-mail eptc@eptc.prefpoa.com.br