Os temporais de início de ano têm deixado marcas em Porto Alegre. Os moradores da Rua Cangussu, no Bairro Nonoai, foram surpreendidos com a chuvarada que caiu na madrugada de 4 de janeiro e levou consigo o muro de contenção que ficava no final da rua. A parede servia para impedir que a terra desmoronasse para o interior do Arroio Passo Fundo, que passa no local.
Os tijolos que ficaram dentro do riacho formaram uma barreira, deixando água parada no local – outro ponto que preocupa a vizinhança.
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Moradora da rua desde que nasceu, Sílvia Regina da Silveira Candia, 51 anos, perdeu a conta das vezes em que ela e os vizinhos ligaram para a prefeitura, pedindo o conserto.
– No dia da queda, a Defesa Civil esteve aqui e isolou a área, mas, depois, ninguém mais apareceu – explica Sílvia.
Sem solução
O pedido foi encaminhado para vários órgãos da prefeitura, como Dep, Smam e Smov. No primeiro protocolo de reclamação, foi dado um prazo de 45 dias para solucionar a questão, o que não aconteceu. No segundo protocolo, o prazo caiu para uma semana. Descumprida essa data, ela ligou novamente. Porém, a cada novo contato, os atendentes informam que o pedido de reparo não está na ocorrência. Na terça-feira passada, Sílvia encaminhou e-mail para a ouvidoria da prefeitura, mas ninguém respondeu sua reclamação.
O problema preocupa os moradores pois, a cada nova chuva, mais terra se desprende e vai formando uma cratera subterrânea. O riacho tem uma pequena passarela que serve de passagem para moradores de uma vila, no outro lado da margem. Caminhar pelo local é um risco que alguns precisam correr para chegar em casa. A péssima iluminação pública da rua é um convite ao perigo para os desavisados que andam por ali à noite.
– Os carros vão até o final da rua se arriscando, pois o asfalto vai começar a afundar a qualquer hora – adverte a moradora.
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Não há perspectiva de resolução
Procurado pela reportagem, o Departamento de Esgotos Pluviais (Dep) afirmou que, para refazer o muro, é necessária a abertura de uma licitação. A empresa contratada executaria obras que não podem ser feitas pela Cootravipa, empresa terceirizada do Dep que é responsável somente pela limpeza das ruas e dos bueiros da Capital.
O órgão não deu uma data para que o problema seja solucionado. A demora para a abertura de novas licitações, segundo a prefeitura, se deve à suspensão de todas as renovações de contrato até o final desse mês – primeira medida adotada pelo prefeito Nelson Marchezan Junior quando assumiu o comando da Capital.