Com a reabertura do segundo piso emperrada e a manutenção da parte que está aberta comprometida por falta de verbas, o Mercado Público de Porto Alegre deve ter um gestor profissional vindo de um novo modelo de concessão. O prefeito Nelson Marchezan disse, na manhã desta terça-feira, que o local tem de ser tratado como um centro comercial e ser qualificado para atrair mais público.
– Vamos trazer uma forma privada de gerir, porque o Mercado Público não é dos comerciantes que estão lá, é do cidadão. O mercado não pode estar à disposição de um grupo específico, muito menos da prefeitura, que é incompetente para geri-lo. Quando os comerciantes o administravam, a limpeza era melhor e mais barata, mas a prefeitura brigou, assumiu o comando e ficou mais caro e pior. Hoje, a opção que temos está na iniciativa privada, gestores de centros comerciais, pedir que administrem e que tenham lucro, sim – disse o prefeito no evento PG Pergunta, promovido por Zero Hora.
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Ainda sem previsão de reunião com os permissionários, Marchezan frisou que a prefeitura dependerá cada vez mais de parcerias para resolver problemas da cidade diante da crise financeira. Em reportagem publicada nesta terça-feira, ZH mostra que os próprios comerciantes devem pedir a gestão do local. Hoje, o pagamento de condomínio e permissão de uso dos 97 permissionários gera cerca de R$ 320 mil mensais, que vão para um fundo gerido pelo município.
A proposta de conceder o tradicional ponto de comércio porto-alegrense para a iniciativa privada deve enfrentar resistência por parte da Associação do Comércio do Mercado Público. O presidente da entidade, Ivan Konig Vieira, teme que a medida encareça os aluguéis e inviabilize o comércio atual:
– O mercado não é um shopping, mas um centro de abastecimento balizador de preços na cidade, no qual muitas redes de supermercado consultam antes de fazer promoções. A cultura de todo o Estado está centralizada no mercado. Tememos perder essa identidade, porque se tornaria um shopping.
O debate sobre a concessão de mercados municipais não ocorre somente em Porto Alegre. Em São Paulo, por exemplo, na disputa eleitoral no ano passado, o prefeito eleito João Doria (PSDB) prometeu entregar a administração dos 16 centros comerciais espalhados pela capital paulista – entre eles, o tradicional Mercadão – à iniciativa privada. Por lá, o assunto ainda não avançou.
Assim como ocorre nas capitais gaúcha e paulista, em Curitiba a prefeitura também gere o espaço. Já o Mercado Central de Fortaleza funcionava em um modelo distinto. A associação de permissionários era responsável pela administração, mas, desde a semana passada, a prefeitura passou a tocar o negócio ao lado de uma cooperativa.