Via com o maior fluxo de veículos de Porto Alegre, a Avenida Ipiranga lidera uma lista nada honrosa: a dos cruzamentos mais perigosos da cidade. Entre os 30 encontros de via com mais acidentes entre os meses de janeiro e novembro, 12 fazem parte da avenida. A estatística da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) apresenta 511 acidentes nesses 30 locais, e 226 foram em cruzamentos com a Ipiranga.
– Tu tens um número muito grande de veículos e, portanto, a característica é que ocorram mais acidentes. Ultimamente, a Ipiranga tem se comportado com redução da gravidade. Temos trabalhado o controle da velocidade. O acidente pode até ocorrer, mas, se tiver velocidade compatível, a possibilidade de se agravar com lesões e óbito é muito menor – analisa o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, citando como medidas aplicadas a extinção de rachas e o monitoramento 24 horas.
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Os cruzamentos da Ipiranga com maior número de acidentes são com as vias Salvador França (38), Silva Só (36), Azenha (22), Borges de Medeiros (19) e João Pessoa (19). Todos estão entre os 10 mais perigosos do município. A lista dos 30 cruzamentos representa 4% dos 12.383 acidentes nos 11 meses do ano, mas nenhuma das 83 mortes.
O fato de muitos terem ocorrido em locais com sinaleiras aponta para o desrespeito dos motoristas em relação às regras de circulação.
– É mudança de faixa sem sinalizar ou sem observar que está ocupada, ultrapassar sinal vermelho e fazer conversões proibidas. Tudo isso acaba gerando probabilidade da ocorrência – complementa Cappellari.
Um dos fatores observados cotidianamente pela EPTC e que contribui para as colisões é o manuseio do celular. O aparelho antes utilizado mais para ligações hoje envia mensagens, acessa a e-mails e redes sociais. No trânsito, a mudança também ocorreu – fiscais veem frequentemente motoristas mexendo nos celulares, e não só falando no aparelho (o que também é proibido). Esse comportamento teve reflexo no Código de Trânsito Brasileiro (CTB): segurar ou manusear o celular na direção passou a ser uma infração gravíssima. Em novembro, a multa para quem desrespeita a legislação pulou de R$ 85,13 para R$ 293,47 e, em vez de quatro pontos na carteira de habilitação, agora são sete.
Apesar de ter registrado 12.383 acidentes entre janeiro e novembro, a Capital tem um motivo para comemorar. A cidade deve fechar o ano com uma redução significativa na quantidade de ocorrências. Durante todo o ano de 2015 (portanto, com um mês a mais), foram 21.120 acidentes. Em 2011, o número era de 24.505.
Para a prefeitura, a diminuição é motivo de orgulho. Há seis anos, a administração municipal se comprometeu com a Organização das Nações Unidas (ONU) em reduzir em 50% os acidentes de trânsito até 2020.
– Estamos atingindo a meta que era traçada para 2020. O resultado tem êxito, e tenho certeza que há espaço para continuar reduzindo cada vez mais – afirma Cappellari, que também é secretário municipal de Mobilidade Urbana.