A Justiça aceitou a denúncia contra o taxista Daniel Trindade Coelho, 33 anos, acusado de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) qualificado pelo atropelamento e morte do ciclista Joel Fagundes, 62 anos. O caso ocorreu no dia 8 de fevereiro na Avenida Severo Dullius, próximo ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Fagundes estava de bicicleta quando foi atingido pelo taxista, em um domingo de manhã. A denúncia foi aceita pela Justiça no dia 31 de agosto e Coelho foi citado nesta sexta-feira, passando à condição de réu. Ele pode recorrer do processo em liberdade, e a pena pode ser de um a três anos de reclusão, com aumento de um terço.
Zero Hora ainda não conseguiu contato com o advogado de Coelho para comentar a decisão judicial.
De acordo com a denúncia, o homicídio foi qualificado porque o taxista estava no exercício de sua profissão no momento da colisão. Ele já havia sido condenado por outras duas mortes, há oito anos, e foi solto graças a um indulto. O caso ocorreu em 23 de maio de 2005, na Avenida Assis Brasil, bairro Sarandi. Na época, segundo a sentença judicial, Coelho conduzia um Santana em "velocidade superior a 130 km/h, com os faróis desligados", no momento em que atropelou Alessandro Boeira Inda e Daniel Vieira Lopes.
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- O sentimento é de frustração, sim, pois uma pessoa que já tirou duas vidas, antes do meu pai, com o mesmo agravante, ou seja, excesso de velocidade, é denunciada por homicídio culposo, sem intenção de matar. Um profissional devidamente habilitado pela EPTC. O sentimento é de que a justiça não existe - comentou uma das filhas de Fagundes.
O taxista ainda teve uma segunda condenação criminal. Em fevereiro de 2004, ele participou de um furto no bairro Bom Fim, também em Porto Alegre. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade.
Após a morte de Joel Fagundes, Coelho teve a licença - conhecida como "carteirão" - suspensa pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Porém, ele foi flagrado pela reportagem trabalhando no mesmo local do atropelamento.
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Em maio, ZH flagrou o taxista Daniel Trindade Coelho dirigindo mesmo com o carteirão suspenso. Assista ao vídeo:
Durante uma semana, em maio deste ano, Zero Hora acompanhou os movimentos do taxista e constatou que ele utilizava o mesmo prefixo e veículo que dirigia no dia do acidente. Em uma corrida com a reportagem, ele falou que atuava sempre no aeroporto e, no final, alterou as informações do automóvel em um recibo. Além de não respeitar a suspensão da licença, Coelho seguia conduzindo o táxi em alta velocidade, inclusive dentro da área do Salgado Filho.
Após a divulgação de imagens por Zero Hora que mostraram ele trabalhando normalmente, o permissionário do Voyage, Elias Teófilo de Souza, 82 anos, descadastrou o condutor. Dias depois, Coelho afirmou que não iria entregar a licença:
- Eu não vou entregar, porque isso é um documento meu, é que nem a minha identidade. Eu não vou entregar. Ele está suspenso, ele não está cassado. Eu não tenho por que entregar o meu carteirão.
* Zero Hora