Eliéu Lopes de Jesus, nove anos, morador de Alvorada, sonhava conhecer um circo. Internado há 70 dias na unidade pediátrica do Hospital da Criança Conceição (HCC), na Zona Norte de Porto Alegre, ele foi surpreendido nesta tarde pela visita de palhaços, acrobatas e bailarinas do Circo Tihany.
- Foi um pedido dele que nos inspirou a convidar os artistas para divertir as crianças. Eliéu é um menino muito especial - comentou Sérgio Dório, psicopedagogo e responsável pela Recreação Terapêutica do HCC.
Fotos: Tadeu Vilani
Foi da janela do quarto 414 que Eliéu acompanhou a montagem da grande lona vermelha, a cerca de 200m de distância do hospital. Minutos antes da visita inesperada, o menino ainda comentou com a mãe, a dona de casa Rosângela da Silva, 47 anos, que quando receber alta a primeira medida será conhecer o circo e comer uma pizza caseira.
- Vamos providenciar, meu filho. Antes, você precisa se recuperar - prometeu a mãe.
Realização
Ao ver as coloridas bailarinas entrando no quarto que divide com outros dois meninos internados, o comunicativo Eliéu arregalou os olhos e silenciou. Cena rara desde que deu entrada no hospital, garantiram os funcionários. Bastou, porém, a aproximação do palhaço Henry para ele voltar a falar e cair na gargalhada. Naquele momento, o maior sonho do guri estava se realizando.
- Não acredito! Eles estão aqui mesmo! - foi a única coisa que conseguiu dizer antes de abraçar com força o palhaço e ganhar um nariz vermelho.
Segundo o relações públicas do circo, Enrique Alvarado, a intenção dos artistas é levar alegria a quem precisa, principalmente crianças em recuperação de alguma enfermidade.
- Esta interação dos artistas com os pacientes é importante para lembrarmos que precisamos manter os pés no chão. Há muitos que precisam de ajuda neste mundo. O que fazemos aqui é levar alegria para quem precisa - afirmou.
"Muchas gracias!"
E alegria não faltou no quarto 414 e nos corredores da ala pediátrica, com cerca de 50 crianças e adolescentes internados. Até o sol pareceu ter se sensibilizado com o momento especial: surgiu na Capital por volta das 14h30min, horário em que os artistas ingressavam no quarto de Eliéu.
Ao lado do companheiro de quarto Lucas de Almeira, sete anos, o menino fez questão de mostrar aos artistas de onde enxerga o circo. Da janela, assoprou confete em quem estava no pátio. Sorriu mais uma vez, enquanto a mãe se escondia para enxugar as lágrimas.
- Ele está realizado. E eu também! - ela confessou.
Em 20 minutos de conversa, Eliéu até aprendeu algumas palavras em castelhano, ensinadas pela bailarina colombiana Cecília Delgado, há 14 anos no Tihany. E foi com elas que se despediu, já no corredor da unidade, acenando e conseguindo arrancar gargalhadas dos próprios artistas:
- Muchas gracias!
Em vídeo, confira o presente para Eliéu
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