Foi um dia tenso, de muita negociação, e, no fim da tarde desta quarta-feira, os municipários de Porto Alegre encerraram a greve, que durou 15 dias. A assembleia foi agitada, com princípio de briga, e foi preciso realizar três votações, sendo a última uma contagem braço a braço esticado.
A proposta apresentada pela prefeitura convenceu a categoria a voltar ao trabalho. Foi prometida a devolução dos valores descontados dos salários pelos primeiros dias de paralisação, a antecipação da última das três parcelas do reajuste de 8,17% de março para janeiro, a efetivação de um calendário para as progressões de carreira atrasadas e a continuação da confecção de um projeto de lei que combata o efeito cascata nos vencimentos.
As negociações começaram às 10h, na sede administrativa da prefeitura, na Rua Siqueira Campos. Por horas a fio, os dois lados discutiram os maiores impasses que impediam o fim da paralisação. Depois de se acertarem na conversa, passaram a escrever a ata do encontro para ter as propostas no papel.
A confecção do documento começou às 12h15min. Ao mesmo tempo, os diretores do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) permaneceram na sala do décimo andar do prédio, enquanto o vice-prefeito Sebastião Melo e secretários se fecharam em outro ambiente. Cada lado analisava os pontos do acerto. Uma hora, a diretora de Comunicação do Simpa, Carmen Padilha, saiu do recinto:
- A negociação avançou - disse.
Pouco depois, Melo atravessou o corredor. À janela, falava por celular, acertando detalhes. Na volta à sala, se limitou a dizer:
- Estamos negociando.
Os diretores do Simpa chegaram à assembleia, na Casa do Gaúcho (Parque Harmonia), somente às 15h40min. Em seguida, leram a ata da reunião com as propostas do governo. Apesar do avanço na negociação, as vaias indicavam que a decisão sobre a greve seria disputada. As falas foram intensas, com vaias e aplausos de ambos os lados, contrários e favoráveis à greve.
Houve um princípio de confusão, e a direção pediu que algumas pessoas se retirassem.
Foram feitas duas votações porque não era possível identificar vencedor. Na terceira vez, foi feita uma contagem dos braços erguidos. Enfim, foi anunciado o resultado: 589 a 529 votos pelo fim da greve.
Mesmo com o resultado, a categoria se mantém em estado de greve, podendo paralisar a qualquer sinal de retrocesso no cumprimento das propostas do governo.
- A categoria votou criticamente. Isso mostra o descontentamento geral com o governo. Está com a prefeitura agora recuperar a confiança da categoria - ressaltou Carmen.
Confira as propostas da prefeitura, aceitas pelos grevistas
1- Progressões de carreira atrasadas: pagamento a partir de março de 2016. O passivo referente ao período de 2010 a 2012 será efetuado em 60 parcelas
2- Reposição salarial: 4% retroativos a maio de 2015, pagos imediatamente, 2% em dezembro e 1,97% em janeiro de 2016
3- Efeito cascata dos salários: conclusão do projeto de lei em até 30 dias, garantindo a remuneração dos servidores e sem abono
4- Vale alimentação: pagamento de R$ 18,50 imediatamente (reajuste de 8,82%)
5- Plano de saúde: criação de comitê do Simpa para melhorar o plano, com inclusão de dependentes e aumento do subsídio aos funcionários de menor salário
6- Dias parados: dias descontados serão repostos mediante compensações. Os dias parados e não descontados serão compensados de forma a ser estabelecida por cada secretaria