Após decidirem, em assembleia, manter a greve que completou 14 dias nesta terça-feira, os servidores municipais de Porto Alegre resolveram intensificar as atividades para pressionar o poder público.
Ao final da reunião na Casa do Gaúcho, o grupo iniciou uma caminhada de duas horas até o Paço Municipal, trancou o Túnel da Conceição e parou em frente a duas secretarias para convocar os colegas à greve.
O protesto, que reuniu centenas, foi embalado por gritos de guerra como: "Tem para os ficais, tem para os vereadores, só não tem para os demais trabalhadores", em alusão ao aumento proporcional à inflação reivindicado pelos servidores. O grupo deve ficar em vigília em frente à prefeitura na tarde desta terça.
O dia começou cedo para os grevistas. Marcado para às 8h30min, o encontro na Casa do Gaúcho, que definiria os rumos da paralisação, teve inicío com mais de uma hora de atraso. A reunião durou cerca de uma hora e meia.
Os primeiros a se manifestarem foram os professores do município. Eles disseram que não devem cumprir os 200 dias letivos obrigatórios caso a Prefeitura Municipal mantenha os descontos por falta nos dias da greve.
Na noite de segunda-feira, diretores de 12 escolas se reuniram e elaboraram uma carta repudiando a postura da prefeitura que foi entregue a Secretaria Municipal da Educação. A leitura do documento foi aplaudida de pé pelos participantes da assembleia.
Durante o encontro, também foi mencionada a proposta da prefeitura, que, depois de cancelar o encontro em represália às manifestações da categoria, segundo o Simpa, recebeu os municipários no fim da tarde de segunda-feira e sugeriu um aumento progressivo de salário em três etapas. A reunião terminou sem acordo.
Já o projeto de lei do "efeito cascata", que é criticado pelos servidores e foi um dos motivos da greve, será reelaborado. Em reunião entre os representantes dos municipários, da prefeitura e de um grupo técnico, também na segunda-feira, foram apontados pontos a serem modificados no documento. Um novo texto será redigido pela Procuradoria Geral do Município e reencaminhado aos municipários ainda nesta semana para avaliação.
- A nova proposta deve alterar a fórmula de cálculo de salário de todos os servidores, sem perdas agora nem no futuro - explica o diretor do sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Raul Jacobone.
Também foi decidido que os servidores ficarão em assembleia permanente, ou seja, caso a prefeitura queira negociar, uma nova asssembleia pode ser convocada a qualquer momento. Do contrário, haverá um novo encontro na segunda-feira para definir os rumos da paralisação.
Os grevistas reivindicam reajuste salarial em uma só parcela, de 8,17%, enquanto o governo acena com o pagamento em três vezes. Os municipários também querem o cancelamento dos descontos pelos dias parados e a confecção de um projeto de lei que ataque o efeito cascata nos salários da categoria sem gerar perdas financeiras.
Acompanhe a movimentação dos municipários pelo centro da Capital:
*Zero Hora