A Oi tem até 1º de março para eliminar pelo menos 90% das 541 queixas registradas nos últimos 90 dias no Procon Porto Alegre relacionadas à falta de consertos na rede telefônica da Capital. Este foi o acordo firmado entre a diretoria de relações institucionais e o órgão protetor do consumidor, na quarta-feira passada.
Segundo o coordenador de atendimento do Procon Porto Alegre, Roberval Ferreira de Barros, a falta de atendimento da empresa ultrapassou o limite considerado razoável pelo órgão.
- Os problemas registrados beiram o absurdo, porque a maior parte deles têm mais de 15, 30 dias sem solução. O perfil dos consumidores mudou: antes, nos procuravam para reclamar de cobranças indevidas e de planos não solicitados. Agora é falta de telefone fixo mesmo - ressalta o coordenador.
Roubo de cabos seria motivo
Entre as justificativas da empresa ao Procon, estava a falta de funcionários e o constante roubo de cabos telefônicos na cidade, principalmente no 4º Distrito - formado pelos bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Anchieta, São João, IAPI, Passo D'Areia, Humaitá e Farrapos.
- A Oi conseguiu com uma liminar suspender a determinação da Justiça de ter dois funcionários em cada atendimento. Com isso, nos problemas de menor impacto, como pequenos reparos na fiação, que são a maioria das solicitações, será enviado um único funcionário. Isso deve agilizar os atendimentos. Pelo menos é a promessa deles - diz Roberval. Se a Oi não cumprir com a determinação, explica o coordenador, poderá receber multa de R$ 150 mil por caso não resolvido.
Funcionários dispensados
No 4º Distrito, o problema afeta também as empresas da região e já causa prejuízos. Desde 19 de janeiro, 38 dos 40 funcionários da N.A.S.I. Engenharia estão de férias forçadas por conta do estrago na rede de telefonia da Avenida Pernambuco, no Bairro Navegantes. Sem o funcionamento das seis linhas telefônicas desde 15 de janeiro, a empresa perdeu os cerca de 30 clientes diários que ligavam solicitando serviços de engenharia.
- Ainda não calculamos os prejuízos, mas serão enormes. A alternativa foi contratar uma outra empresa depois de 25 anos como clientes da Oi. Na próxima semana, os funcionários voltarão ao trabalho, mas ainda nem calculamos o grande prejuízo que tivemos em quase 20 dias parados - comenta a gerente Iara Mello Pinto, 61 anos.
Centenas de famílias sem fone
Enquanto a situação não se resolve, quem sofre são os usuários da empresa. É o caso de parte das famílias do Condomínio Ipe 2, no Bairro Jardim Carvalho, que completam quase dois meses sem telefone fixo e internet da Oi, única empresa que oferece estes serviços na região. Segundo o líder comunitário Paulo Francisco Corrêa, 56 anos, desde 5 de dezembro de 2014, quando um ônibus e um caminhão arrastaram os cabos que cruzavam a Rua Uirapuru, 150 famílias ficaram incomunicáveis. O caso foi publicado no DG em 6 de janeiro. Na época, a assessoria de imprensa da Oi informou que enviaria uma equipe ao local. Depois da publicação, metade das famílias teve o problema resolvido. A outra, porém, que inclui Paulo, segue esperando.
- Tenho orientado os moradores a acionarem a empresa na Justiça. Isso é uma falta de respeito com o consumidor - afirma Paulo.
Empresa põe a culpa nas chuvas
A Oi informa que as fortes chuvas ocorridas nos últimos dias em diversas regiões gaúchas, incluindo a região Metropolitana de Porto Alegre, trouxeram dificuldades para realização dos reparos em tempo hábil, devido a impossibilidade de acesso aos diversos locais atingidos por conta dos intensos alagamentos. A rede da Oi também foi afetada pela queda de postes das concessionárias de energia, devido aos fortes ventos.
A companhia ressalta que mantém planos de contingência com objetivo de acionar equipes próprias e contratadas, inclusive de outras localidades, para garantir a prestação de serviço em regiões afetadas do Rio Grande do Sul. Casos pontuais de problemas técnicos podem ser comunicados pelo canal de atendimento 103-14.
A Oi, no esforço de manter a transparência na relação com seus clientes e com toda a sociedade do Rio Grande do Sul, vem reiterar que está comprometida com a evolução da qualidade do atendimento dos serviços de telecomunicações, com investimentos de mais de R$ 1,2 bilhão nos últimos cinco anos.
Onde buscar ajuda para reclamações
- Procon Porto Alegre: atende somente moradores da Capital, de segunda a sexta-feira, do meio-dia até as 18h. São distribuídas 70 fichas por dia. Qualquer tipo de dúvida sobre relações de consumo deve ser esclarecida de forma presencial na sede da Andradas, 686.
- Procon Estado: somente para os consumidores que não têm Procon na sua cidade. Rua 7 de Setembro, 723, Bairro Centro. Telefone: 3287-6200 - Atendimento: Das 10h às 16h.
- Anatel: A central de atendimento telefônico da Anatel funciona de segunda a sexta-feira, nos dias úteis, das 8h às 20h. Ligue 1331 para registrar reclamações e denúncias contra operadoras, além de sugestões ou pedidos de informações sobre a Anatel. Pessoas com deficiência auditiva ou da fala devem ligar 1332 de qualquer telefone adaptado. A ligação é gratuita de qualquer localidade no País.
Onde buscar ajuda para acionar na Justiça
- Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Porto Alegre. Rua Santana, 440, 8º andar, no Bairro Santana. Informações pelo e-mail consumidor@mp.rs.gov.br e pelo telefone 3295-8910.
- Juizado Especial Cível - Tribunal de Justiça do Estado. Avenida Borges de Medeiros, 1565. Telefone: 3210-6000.