Autor do romance Cidade de Deus, que inspirou o filme de mesmo nome, Paulo Lins lança hoje, na Feira do Livro, sua nova obra. Desde que o Samba É Samba retrata o surgimento do gênero musical brasileiro. Às 19h, Lins participa de um bate-papo sobre literatura e periferia no Brasil, na Sala dos Jacarandás, no Memorial do RS. A partir das 20h30, o escritor autografa o novo livro no mesmo local.
Zero Hora - Qual foi sua opção de abordagem em Desde que o Samba É Samba?
Paulo Lins - O livro conta a história do samba, desde a formação da cultura carioca, que vem da periferia, até a construção do ritmo propriamente dito. Esse trabalho já foi feito por vários autores, mas nenhum havia feito em formato de livro, todos foram acadêmicos e jornalísticos. Eu tinha todas as referências históricas e me aprofundei com trabalho de campo. Contratei duas historiadoras que fizeram pesquisas pra mim. Foi um levantamento extenso, com rigor acadêmico. O livro tem uma bibliografia imensa. Eu li muito livros para poder escrever. Levei cerca de cinco anos pesquisando.
Zero Hora - De onde vem sua relação com o samba?
Paulo Lins - Eu nasci no Estácio, que é o cenário do meu livro. Nasci no mesmo local em que o samba nasceu. Quando eu era pequeno, com uns 10 anos, saía de casa para ir ao mercado e passava por um bar na minha rua, em que eu não podia parar, nem aceitar bala de ninguém, nem mesmo olhar para dentro. Eu passava por ali com um medo extremo. Depois fiquei sabendo que os frequentadores eram Cartola, Nelson Cavaquinho. Ia começar a história do livro por aí, mas, quando procurei os historiadores do gênero do samba, voltei para a década de 1920, que é realmente o início da história do samba.
Zero Hora - Você gostaria de ver seu livro transformado em filme, como ocorreu com Cidade de Deus?
Paulo Lins - Lógico que gostaria, dá uma divulgação muito maior para o livro quando se transforma em filme. Cidade de Deus foi excelente, o roteiro de Bráulio Mantovani, a direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund, o figurino, os atores, tudo... O sucesso não foi à toa. Fui nas filmagens, já conhecia os atores, acompanhei tudo. Mesmo assim, foi uma emoção grande ver o filme. Teve um sucesso que eu não esperava. Sobre Desde que o Samba É Samba, já recebi várias propostas, e ele pode, sim, virar filme.