Terá início nesta sexta-feira (28) o leilão de duas fazendas que foram do ex-presidente da República João Goulart (1919-1976). As propriedades estão localizadas em Itacurubi, na região central do RS, e em Itaqui, na Fronteira Oeste. Juntas, essas propriedades estão avaliadas em mais de R$ 250 milhões, de acordo com a casa de leilões responsável pela venda. As informações são do portal g1.
João Goulart, que era natural de São Borja, também na Fronteira Oeste, foi o 24º presidente do Brasil, cumprindo mandato de 1961 a 1964, até ser deposto por um golpe militar.
Conforme informado no site da leiloeira, a decisão de colocar as fazendas à venda partiu da família, e o preço definido está abaixo do valor de mercado.
Uma das propriedades em questão é a Fazenda Cinamomo, localizada em Itaqui, com área de 2,7 mil hectares. Segundo a apresentação de Zuleika Matsumura Akimoto, leiloeira responsável pelos lances, mais de 90% dessa terra é apropriada para atividades agrícolas, tornando-a indicada especialmente para o cultivo de grãos. O valor inicial do leilão está estipulado em R$ 173.900.787.
A segunda propriedade, localizada em Itacurubi, é denominada Fazenda Presidente João Goulart e será leiloada com um lance inicial de R$ 80.716.195. De acordo com a casa leiloeira, essa propriedade possui 2.124 hectares, sendo que 55% da área são destinados à agricultura, e os outros 45% são destinados à pecuária.
Quem foi João Goulart
João Belchior Marques Goulart nasceu em São Borja, no ano de 1919. Conhecido como Jango, era o herdeiro político de Getúlio Vargas, natural da mesma cidade. Jango ocupou a posição de vice-presidente durante os governos de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, entre os anos de 1956 e 1961.
Após a renúncia de Jânio, o gaúcho Jango assumiu a presidência do Brasil por meio da Campanha da Legalidade, que foi liderada pelo seu cunhado e então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.
Em 2 de abril de 1964, João Goulart foi deposto do cargo de presidente do Brasil. Nesse dia, o Congresso Nacional realizou uma sessão na qual declarou a vacância da presidência da República. O senador Auro de Moura Andrade, então presidente do Congresso, justificou que o presidente havia deixado o governo. Entretanto, naquele momento, Jango encontrava-se no RS, buscando apoio de aliados, já que estava prestes a ser detido.
Jango morreu em 1976, em uma de suas fazendas na Argentina, e a causa da morte foi anunciada como um ataque cardíaco. No entanto, em 2013, a pedido da Comissão Nacional da Verdade, os restos mortais do ex-presidente passaram por perícia, que não conseguiu determinar conclusivamente a causa de sua morte, deixando-a como "inconclusiva".
Em 2013, o Congresso aprovou uma resolução que anulou a sessão que depôs Goulart, reconhecendo o ato como um ato ilegítimo. Durante o regime militar que se seguiu ao governo de Jango, 434 pessoas foram mortas ou desapareceram. A Comissão da Verdade relatou que apenas 33 corpos foram localizados, deixando muitos casos sem solução e famílias sem respostas sobre o destino de seus entes queridos.