O plenário do Tribunal de Contas do Estado (TCE) manteve, nesta quarta-feira (19), a validade da decisão que destravou a privatização da Corsan. Após o julgamento, o conselheiro Estilac Xavier criticou o governador Eduardo Leite pelas declarações a respeito do caso.
Durante vistoria às obras do Instituto de Educação, em Porto Alegre, Leite disse que os conselheiros Ana Cristina Moraes e Estilac Xavier, que votaram por anular o leilão da companhia, e o procurador do Ministério Público de Contas (MPC), Geraldo da Camino, estão procurando "pelo em ovo" no processo. O governador também afirmou que as manifestações contrárias à conclusão da privatização estão "muito mais eivadas de alguma contrariedade pelo caminho que se adotou" do que de caráter técnico.
Indignado, Estilac classificou a manifestação de Leite como "imprópria, inadequada e de desprezo ao Tribunal":
— O senhor governador extrapolou, se meteu em seara alheia e, de certa forma, nos coloca em uma situação muito difícil — disparou.
O conselheiro ainda reagiu à afirmação de Leite de que ele, Ana Moraes e Da Camino não vivem "em regiões como populações na periferia, submetida à indignidade de ver esgoto correndo sem tratamento na frente das suas casas".
— Tenho mais chão caminhando sobre os problemas da cidade e do Estado do que tem o governador, e não aceito essa colocação dele, que é indevida, agressiva e de exposição, como se estivéssemos aqui ilegitimamente defendendo opiniões. Sustentei minhas opiniões com base no que sei e nos elementos jurídicos que detenho —declarou Estilac.
Já a conselheira Ana Moraes citou, durante seu voto, questionamentos sobre o valor de venda da companhia, que, segundo ela, não podem ser considerados "pelo em ovo".
Mais tarde, o procurador Geraldo da Camino, do Ministério Público de Contas, disse que não comentaria o caso em respeito à "liturgia do cargo":
— Não vou comentar a referida entrevista porque tenho muito respeito à liturgia do cargo. E meço muito bem as minhas palavras. Evito expressões chulas e comparações ligeiras.