A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva reforçou nesta sexta-feira (25) que o apoio dado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ainda durante a campanha, e a participação no grupo de transição não têm como objetivo uma eventual nomeação para algum ministério no próximo governo. Em entrevista à Rádio Gaúcha, Marina afirmou que a reaproximação política com Lula foi "programática", com foco em propostas.
— Quero que o presidente Lula se sinta muito à vontade para fazer a composição que ele acha a melhor possível. Eu me sinto muito feliz de ter ajudado politicamente e programaticamente, porque apresentei um conjunto de propostas que considero altamente relevantes para que o tema da sustentabilidade, da proteção do meio ambiente, entrasse no maior nível do debate da disputa eleitoral — disse durante o programa Gaúcha Atualidade.
A ex-ministra revelou que a PEC da transição — que o governo eleito articula para modificar a regra do teto de gastos a fim de cumprir promessas de Lula já em 2023, especialmente relacionadas a programas sociais — vai prever a retirada dos recursos do Fundo Amazônia, e outros que provenham de doações, da regra que limita o crescimento das despesas da União.
— Não é justo que esse dinheiro, que será fundamental para reestruturar as políticas ambientais neste ano de 2023, que não têm os recursos necessários porque o (presidente da República, Jair) Bolsonaro não priorizou, ficasse dentro do teto de gastos. Isso já está na PEC da transição — comentou.
Marina Silva opinou que a política ambiental do atual governo era "não ter política ambiental" e que, por isso, será preciso restabelecer orçamento e instituições:
— Vamos ter que fazer todo um esforço de recomposição orçamentária, recomposição de equipe, restabelecer a funcionalidade precípua das instituições. Por exemplo, a Agência Nacional de Águas foi parar no Ministério da Integração Nacional, o Serviço Florestal Brasileiro no Ministério da Agricultura. Você foi tendo várias disfunções do governo e tudo isso precisa ser restabelecido.
— Agora temos uma emergência: o desmatamento está fora de controle na Amazônia e é atravessado por um conjunto de ilegalidades que envolve tráfico de armas, de drogas, exploração de madeira ilegal e outros crimes como garimpo, pesca ilegal, grilagem de terra. É uma grande quantidade de contravenções e vão ser necessários recursos técnicos e financeiros, além de uma ação integrada — acrescentou.
Ouça a entrevista na íntegra: