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Aos 94 anos, morre o político Índio Vargas

Torturado pela ditadura, o também jornalista, escritor e advogado lançou livros sobre o período

Ramon Nunes

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Adriana Franciosi / Agencia RBS
Índio Vargas em registro de 2014, quando deu seu depoimento para reportagem sobre os 50 anos do golpe militar de 1964

Faleceu nesta quarta-feira (8), em Porto Alegre, aos 94 anos, o político, jornalista, escritor e advogado Índio Brum Vargas. Segundo correligionários, Índio Vargas morreu em casa, de causas naturais, após passagem por hospitais da Capital nos últimos meses.

Natural de São Sepé, Vargas chegou a Porto Alegre com 17 anos para estudar. Foi eleito vereador da Capital em 1968, com mais de 7 mil votos. Teve o mandato cassado 20 dias após assumir, por elogiar a rejeição do título de Cidadão Emérito ao então presidente da República, general Artur da Costa e Silva.

Preso político, permaneceu na Ilha do Presídio durante um ano e dois meses. Depois, foi transferido para o Hospital Militar e Presídio Central, julgado e condenado pela Assessoria de Guerra do Exército. Foi torturado durante a ditadura. Índio Vargas lutou ao lado de Leonel Brizola na Campanha da Legalidade.

Presidente do Movimento Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke afirma que o Brasil perdeu um homem de boa oratória e história rica.

— Realmente é uma perda. Um ser humano fantástico. Quando do golpe (militar), partiu para a resistência. Essa figura de jornalista e advogado. Foi muito torturado, mas sempre preocupado com o social. É uma perda não somente pela figura política, mas também pela memória do que viveu — lembra.

Segundo o memorial legislativo da Assembleia gaúcha, pouco antes de se eleger vereador, em 1966, chegou a ser suplente de deputado estadual, ao conquistar pouco mais de 9 mil votos. Mais tarde, nos anos 1970, chegou a ser candidato a deputado federal, ainda pelo antigo MDB, mas não chegou a se eleger.

Jornalista, advogado, escritor, político vinculado ao antigo PTB e, mais recentemente, ao PDT, sempre defendeu as ideias de Brizola, conforme Krischke. No período posterior à perda do mandato e à prisão, deu aulas de filosofia. 

Índio Vargas publicou quatro livros: Guerra é Guerra, Dizia o Torturador (pela editora Codecri, do Pasquim, memórias da ditadura e prisões); A Guerrilheira (ficção e realidade); Limites da Sedução (memórias da juventude); Momentos Perfeitos no Tempo da Ditadura (crônicas).

O velório de Índio Vargas ocorre nesta quinta-feira (9), das 8h às 11h, no Cemitério João XXIII. O sepultamento ocorrerá na sequência.

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