Aguardada com entusiasmo por petistas e simpatizantes de sua pré-candidatura, a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Rio Grande do Sul ficará restrita a agendas em Porto Alegre nesta quarta (1º) e na quinta-feira (2). Futuro candidato à Presidência da República, Lula vem ao Estado acompanhado do pré-candidato a vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).
É a primeira vez que o petista viaja ao Rio Grande do Sul desde a caravana de 2018, que passou por diversos Estados brasileiros. Nesse período de quatro anos, ele foi preso no âmbito da Operação Lava-Jato, permaneceu 580 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, foi solto, teve a condenação anulada pelo Supremo Tribunal Federal e lançou a pré-candidatura. Atualmente, lidera as pesquisas de intenção de voto para o pleito de outubro, com possibilidade de vitória em primeiro turno.
O ex-presidente desembarcou em solo gaúcho na manhã desta quarta. Às 11h30min, encontrou-se com líderes de partidos que fazem parte da coligação de Lula: PT, PCdoB, PV, PSOL, PSB, Rede e Solidariedade. À tarde, ele tem reunião fechada com representantes do setor da educação.
Na sequência, se dirige à zona norte de Porto Alegre, onde participa de ato público no Pepsi on Stage, casa de shows com capacidade para mais de 5 mil pessoas. Inicialmente previsto para as 16h, o ato deve começar mais tarde.
O site disponibilizado para o credenciamento da imprensa menciona as 18h como horário de início da atividade, anunciada como um ato “em defesa da soberania nacional”.
Para o evento, estão sendo esperadas caravanas de ônibus de diferentes regiões do Estado. Além de Lula e Alckmin, devem discursar representantes dos partidos que apoiam o ex-presidente.
Tanto a equipe do PT quanto a Secretaria da Segurança Pública (SSP) estão monitorando eventuais protestos que podem ocorrer no local. Em nota, a pasta informou que mantém monitoramento de informações referente à passagem de Lula pela Capital, “como de praxe em qualquer evento que demande atenção da Segurança Pública”.
A Brigada Militar estará presente no entorno do local do evento, assim como nas proximidades do hotel no qual Lula ficará hospedado.
Na quinta-feira, antes de embarcar de volta para São Paulo, o ex-presidente ainda vai se reunir com líderes do setor do cooperativismo.
Leia a nota encaminhada pela SSP:
"O Departamento de Inteligência da Segurança Pública (DISP), como de praxe em qualquer evento que demande atenção da Segurança Pública, mantém monitoramento de informações referente à passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Porto Alegre, com programação prevista para amanhã, na Zona Norte da Capital.
De igual forma, a Brigada Militar também irá assegurar policiamento no entorno do hotel onde o ex-presidente ficará hospedado, bem como no local do evento agendado. Cabe ressaltar, contudo, que o controle de acesso ao local do ato e a segurança interna é de responsabilidade da organização do evento."
Palanque estadual
Entre os partidos que apoiam Lula, três já anunciaram pré-candidaturas a governador: o PT, com Edegar Pretto, o PSB, com Beto Albuquerque, e o PSOL, com Pedro Ruas. Até o momento, Lula não se envolveu diretamente nas conversas sobre as candidaturas locais, e havia expectativa de que o ex-presidente aproveitasse a viagem para tentar construir um palanque único no Estado, o que não deve ocorrer.
No ato público, apenas Pretto e Ruas devem comparecer. Beto disse que não foi convidado para o evento — em suas palavras, um ato “do PT para o PT”. Embora seu partido apoie Lula nacionalmente, o pré-candidato do PSB negocia uma aliança com o PDT, o que o faria dar palanque ao presidenciável Ciro Gomes.
Nesta terça, o jornalista Kennedy Alencar informou que Lula gostaria que seu partido apoiasse os candidatos a governador do PSB no Espírito Santo, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, em troca do apoio dos socialistas a Fernando Haddad em São Paulo. O movimento, entretanto, passaria por convencer todo o PT gaúcho, que está fechado com Pretto.
— Querer não basta. Seria preciso agir para isso acontecer. Por aqui, seguimos nas tratativas com o PDT — disse Beto.
A discussão com o PSB a respeito da candidatura a governador foi o que fez Lula desmarcar a visita a Santa Catarina, que seria seu destino após passar pelo Rio Grande do Sul.