Em seu último compromisso no Rio Grande do Sul na viagem desta sexta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro esteve em Passo Fundo, no norte do Estado, onde participou da cerimônia de entrega das obras de ampliação do aeroporto Lauro Kortz. Agendado para as 15h30min, o ato que marcou a reabertura das operações do terminal começou quase uma hora depois.
No pronunciamento de 12 minutos, Bolsonaro pouco falou sobre o aeroporto. Discursando a apoiadores, preferiu exaltar medidas adotadas por seu governo e contrapor indiretamente declarações recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida eleitoral.
— Somos contra o aborto no Brasil, e não queremos restringir o consumo da classe média — ressaltou.
Antes, o presidente também desdenhou das pesquisas que o colocam em segundo lugar, atrás de Lula:
— Quem acredita em pesquisas acredita em Papai Noel também.
Bolsonaro repetiu parte do discurso que fez pela manhã, em Pelotas. Afirmou que não houve corrupção na sua gestão e lembrou das medidas que flexibilizaram as regras para a compra de armas de fogo.
Ainda defendeu a atuação do governo na pandemia e disse que o valor concedido pelo auxílio emergencial em 2020 equivale a 15 anos de Bolsa Família — afirmação contestada por opositores.
— Tinha poderes para fechar o Brasil todo, mas não fechei uma casa de comércio — declarou, ovacionado por apoiadores.
Além dos passo-fundenses, as placas de veículos estacionados perto do aeroporto indicavam a presença de residentes em diversos outros municípios do norte gaúcho.
Custeadas com R$ 43 milhões em recursos federais e R$ 7,5 milhões do caixa estadual, as obras do aeroporto começaram em novembro de 2020 e terminaram no início deste ano. Além do novo terminal de passageiros, que passou de 300 metros quadrados para 2 mil metros quadrados (incluindo edificações acessórias), tornando-se o segundo maior do RS, atrás apenas do Salgado Filho, em Porto Alegre, foram realizadas intervenções no pátio das aeronaves e na área de manobra dos aviões.
Passagem rápida
Bolsonaro permaneceu 1h32min em Passo Fundo. O avião presidencial pousou às 16h07min no aeroporto Lauro Kortz. Cerca de 20 minutos depois, Bolsonaro apareceu no local da cerimônia. Antes de ir para o palco, percorreu parte da estrutura cumprimentando e posando para fotografias com apoiadores. Em meio às interações, recebeu e ergueu a camisa do Esporte Clube Passo Fundo, um dos times de futebol da cidade.
Assim como em Pelotas, o presidente dividiu palco com o governador Ranolfo Vieira Júnior, que teve o discurso de dois minutos completamente abafado pelas vaias dos simpatizantes de Bolsonaro. O mesmo ocorreu com o prefeito Pedro Almeida (PSD).
— Todas as vezes que vossa excelência vier ao Estado, será recebido com muita fidalguia, com respeito e de forma republicana, como é o costume dos gaúchos — disse Ranolfo, em manifestação que foi insuficiente para abrandar os protestos.
No período em que discursou, Bolsonaro foi interrompido diversas vezes por aplausos e gritos de "mito, mito, mito". Disse que seu governo foi o que teve "o menor orçamento da história, mas o que mais obras fez". Como de costume, atacou veículos de imprensa e disse que "povo armado jamais será escravizado".
Assim que o presidente concluiu a manifestação, os apoiadores começaram a se retirar. Na despedida, entoaram cânticos críticos ao ex-presidente Lula e o hino nacional. Às 17h39min, o avião presidencial decolou com destino a Londrina (PR), onde Bolsonaro agendou participação na 60ª Exposição Agropecuária e Industrial.
Deputados federais e estaduais, ministros e outros políticos apoiadores do presidente também estiveram no ato em Passo Fundo, assim como a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Mais cedo, o presidente também esteve em Pelotas e Bagé, na região sul do RS. Foi a primeira vez que o presidente da República pisou em solo gaúcho neste ano.