Antes mesmo do início formal da corrida presidencial, em meados de agosto, os partidos dos principais pré-candidatos registram despesas milionárias para promoção dos futuros concorrentes. Entre viagens, contratação de marqueteiros e impulsionamentos nas redes, as siglas estimam que terão de consumir, em média, mais de R$ 3 milhões cada uma para promover os presidenciáveis até o início efetivo da briga por votos.
O dinheiro utilizado nesta etapa é principalmente do Fundo Partidário, que, no ano passado, consumiu R$ 1 bilhão do dinheiro público. Contudo, os partidos dos dois principais concorrentes mantêm os números sob reserva: o PL do presidente Jair Bolsonaro e o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quiseram informar à reportagem quanto já gastaram ou pretendem gastar nesta fase da disputa.
Nesta etapa anterior à campanha, a legislação autoriza que os partidos se promovam, façam eventos e explorem os presidenciáveis como porta-vozes. A estratégia permite que os políticos se apresentem aos eleitores, participem de comemorações e discutam ideias e propostas.
Apesar de passar por uma crise interna, o PSDB já reservou R$ 2,8 milhões para a pré-campanha de João Doria. O MDB prevê R$ 3,5 milhões para Simone Tebet, e o PDT fechou um contrato mensal no ano passado de R$ 250 mil com o marqueteiro João Santana — que atua na pré-campanha de Ciro Gomes. A pré-campanha de Felipe D'Avila (Novo) afirmou que já gastou R$ 500 mil, mas disse que não utilizou recursos do partido.
— Nada impede que se divulgue a liderança do partido. O que não pode ter é nenhum tipo de promoção pessoal com os recursos financeiros do partido. Normalmente, contratam agências para fazer pesquisas e monitoramentos de redes com vistas a uma candidatura, e não direcionada a um candidato — disse o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB, Eduardo Damian.
No PT, a contratação do marqueteiro Augusto Fonseca ampliou um embate na pré-campanha de Lula. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o primeiro orçamento apresentado pela agência de Fonseca foi de R$ 45 milhões.
A briga pelo controle dos recursos milionários se tornou o ponto central das divergências entre os grupos do ex-ministro Franklin Martins — próximo de Lula — e o do secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, disse que o partido continua a negociar valores com o marqueteiro.