O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (16), em entrevista à CNN Brasil, que vai marcar uma reunião com representantes do WhatsApp para discutir o acordo firmado entre o aplicativo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A tratativa prevê deixar somente para depois das eleições a incorporação de uma função que vai ampliar o alcance de mensagens na plataforma, permitindo a criação de grupos com milhares de pessoas — atualmente, os grupos podem incluir no máximo 256 pessoas. Segundo especialistas, a nova funcionalidade pode facilitar a disseminação de fake news e ataques virtuais.
Bolsonaro mostrou-se novamente contrário ao acordo, solicitado pelo TSE com o intuito de manter a lisura do processo eleitoral.
— Já conversei com o (ministro das Comunicações) Fábio Faria. (Ele) vai conversar com representante do WhatsApp aqui no Brasil para explicar. Se ele pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também. Por que não? — disse Bolsonaro. — Vou buscar o CEO do WhatsApp essa semana e quero ver que acordo é esse. Se é para o mundo todo, não posso fazer nada. Agora, só para o Brasil, e volta a ser pro mundo todo depois das eleições... Quer prova mais clara de interferência como essa na liberdade de expressão? — acrescentou o presidente.
O aplicativo anunciou na quinta-feira (14) que a nova funcionalidade, chamada Comunidades, será lançada no Brasil somente no ano que vem. Em janeiro, o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, chegou a se reunir om o chefe do WhatsApp, Will Cathcart, para debater as ações de combate a fake news.
À época, o WhatsApp se comprometeu a não implementar no Brasil funcionalidades que possam impactar o processo eleitoral até o fim das eleições.