Em 25 de agosto de 1961, o então presidente da República, Jânio Quadros, renunciou o cargo. O ato inesperado e a negativa dos ministros militares em aceitar a posse do vice-presidente João Goulart, o Jango, criaram um dos mais graves impasses políticos do século passado no país.
Do Rio Grande do Sul, o então governador Leonel Brizola passou a liderar um movimento com o objetivo de garantir o cumprimento da Constituição: em caso de vacância do cargo, caberia ao vice-presidente assumir o comando do país. Jango, que era cunhado de Brizola, encontrava-se em viagem oficial à China quando o país entrou em ebulição.
Esse movimento ficou conhecido como a Campanha da Legalidade, que por 13 dias deixou Porto Alegre em alerta máximo, com o Palácio Piratini transformado em um quartel-general da resistência.
Confira seis personagens que tiveram papel preponderante nesta crise:
João Goulart
Deposto da Presidência da República pelo golpe militar de 31 de março de 1964, Jango exilou-se no Uruguai e na Argentina, onde possuía propriedades. No exílio, tentou organizar uma frente política de oposição, a Frente Ampla, com o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o ex-governador Carlos Lacerda, também cassados. Morreu no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina, de ataque cardíaco aos 57 anos.
Leonel Brizola
Ao deixar o governo, o gaúcho de Carazinho Leonel Brizola elegeu-se deputado federal pelo PTB do Rio. Em 1964, com o regime militar, exilou-se no Uruguai. Retornou ao Brasil 15 anos depois, em 1979, sob a Lei da Anistia. Nas eleições de 1982 e de 1990, foi eleito governador do Rio. Morreu em 21 de junho de 2004, aos 82 anos.
Tancredo Neves
Depois de chefiar o primeiro gabinete de ministros sob a Presidência de João Goulart, Tancredo continuou encabeçando a bancada do PSD no Congresso. Com o golpe de 1964, tornou-se um dos chefes da oposição civil, comandando a ala moderada do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1984, enfrentou o candidato da situação, Paulo Maluf, no Colégio Eleitoral, e venceu a eleição indireta, tornando-se o primeiro presidente civil depois de 1964 e pondo fim à ditadura militar. Morreu no dia 21 de abril de 1985, aos 75 anos, sem tomar posse.
Jânio Quadros
Após renunciar à Presidência, em agosto de 1961, Jânio se afastou da política. Cassado pelo golpe de 1964, dedicou-se a atividades de professor de Português e dicionarista. Em 1985, disputou a prefeitura de São Paulo, que já havia ocupado nos anos 1950, e se elegeu. Morreu em 16 de fevereiro de 1992, aos 75 anos.
Odílio Denys
Durante a crise de 1961, ocupou o cargo de ministro da Guerra como marechal. Junto com os seus colegas Gabriel Moss (Aeronáutica) e Sílvio Heck (Marinha), se opôs à posse de João Goulart na Presidência. Nascido em Pádua (RJ) em 1892, foi um dos líderes do movimento que instituiu o regime militar em 1964. Morreu em 1985, aos 93 anos.
José Machado Lopes
O general Machado Lopes ocupou o comando do 3º Exército de 6 de abril a 10 de outubro de 1961. Natural do Rio, foi chefe do Estado-Maior do Exército de setembro de 1962 a setembro de 1963. Foi transferido para a reserva como marechal em 1964. Morreu em 1990, aos 84 anos.