O representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, afirmou que a empresa ofereceu vacinas contra covid-19, de dois fabricantes, ao Ministério da Saúde. De acordo com ele, a companhia tentou vender 400 milhões de doses da AstraZeneca, por meio do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, acusado de ter pedido propina; e outras 200 milhões de unidades da Janssen, ao coronel Marcelo Blanco, ex-assessor da pasta, também alvo da CPI da Covid.
— Acredito que tinha vacinas e ainda tem — disse Carvalho, quando questionado na CPI da Covid sobre a viabilidade de a empresa vender vacinas para o Ministério da Saúde, apesar de ter sido desacreditada pelos próprios fabricantes que fecharam contratos com o governo.
De acordo com o depoente, o ministério chegou a iniciar, efetivamente, um processo de compra de vacinas com a Davati, em março, durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, por meio de outro representante da empresa. Ele, porém, disse desconhecer os detalhes dessa negociação paralela.
Com as declarações, a cúpula da CPI da Covid aponta para um suposto esquema de corrupção envolvendo militares no Ministério da Saúde e colocando o ex-secretário executivo da pasta, coronel Elcio Franco, no foco.
— Uma ação de golpe paralela — afirmou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao falar do processo de compra.
Governistas, por sua vez, reforçaram que nenhuma compra foi efetivamente fechada.
— Tentaram dar um golpe no governo. Ainda bem que não saiu um pila. Seria uma tragédia — disse o senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do presidente Jair Bolsonaro.