O corpo de Bruno Covas, prefeito licenciado de São Paulo pelo PSDB, foi velado no início da tarde deste domingo (16) no edifício Matarazzo, sede da prefeitura. Após um ano e meio lutando contra um câncer agressivo, ele teve uma piora e seu quadro de saúde foi considerado irreversível na sexta-feira (14). Covas morreu às 8h20min deste domingo, aos 41 anos.
Depois de uma cerimônia que durou cerca de 50 minutos, restrita a familiares e amigos próximos, o corpo segue em cortejo pelas ruas de São Paulo em caminhão aberto do Corpo de Bombeiros. O destino é Santos, cidade natal do prefeito, onde ele será enterrado.
Bruno Covas deixa o filho Tomás, 15 anos. Reeleito em 2020, o jovem prefeito foi vítima da mesma doença que levou seu avô, o ex-prefeito e governador Mário Covas em 2001, aos 71 anos.
Ainda adolescente, Covas passou a "beber da fonte" ao decidir morar com o avô em São Paulo. O ex-governador não só ensinou o neto a gostar de política como o colocou numa trajetória eleitoral vitoriosa, encerrada de forma precoce. Bruno gostava de ressaltar que tinha ligação com o PSDB desde criança, quando fez parte de uma ala infantil do partido chamada "Clube dos Tucaninhos".
- Quem começa como estagiário quer chegar a CEO. É o natural de qualquer carreira - disse Covas em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, durante a eleição de 2020.
Inteligente e determinado, Covas foi aprovado em duas faculdades ao mesmo tempo: Direito, na USP, e Economia, na PUC. Formou-se nas duas em um período de oito anos, época em que passou a experimentar seu potencial político em grêmios estudantis e dentro do partido.
Bruno se filiou ao PSDB aos 17 anos. Nessa época, era um jovem cabeludo apaixonado por rock que já se destacava pela capacidade de mobilização. Antes de comandar a maior cidade da América Latina, Bruno foi eleito deputado estadual por duas vezes, deputado federal e vice-prefeito. Assumiu o posto de prefeito com a renúncia de João Doria (PSDB), em 2018, e depois se reelegeu como cabeça de chapa, vencendo Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.
Sem colecionar inimigos e com respaldo popular, Bruno estava no auge de sua carreira política. A eleição havia lhe dado confiança para começar a impor seu modo de governar e traçar o futuro. Diferentemente de Doria, considerava-se "PSDB raiz".
Mas os planos como prefeito eleito só duraram dois meses. Em fevereiro, os médicos de Covas descobriram novos tumores e a quimioterapia recomeçou. Dois meses depois, outros exames indicaram metástase nos ossos. Debilitado, precisou tratar complicações como água no pulmão e sangramento na cárdia. Até esse momento, aliados de Covas mantinham-se esperançosos com a possibilidade de cura. As metástases e o sangramento na cárdia, no entanto, abalaram a confiança até mesmo dos médicos, e a palavra sobrevida passou a compor o repertório de quem acompanhava o prefeito mais de perto.
Agora, a prefeitura de São Paulo passará a ser exercida em definitivo por Ricardo Nunes (MDB), um político questionado pelos adversários na campanha de 2020 em razão de ter seu nome envolvido em suspeitas de desvio de recursos públicos e por um episódio de violência doméstica. No sábado (15), Nunes se emocionou ao falar sobre o quadro de saúde do titular do cargo, que havia sido desenganado pelos médicos:
– Eu acho que a melhor homenagem que a gente pode fazer ao prefeito Bruno Covas é continuar cuidando da população, que é o que ele sempre nos orientou, o que ele sempre cobrou da gente, mesmo agora na internação, que a cidade não parasse, que cuidasse das pessoas – declarou Nunes.