O procurador da República Deltan Dallagnol se manifestou, por meio das suas redes sociais, sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular as condenações proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Dallagnol, a mudança para Brasília faz com que os processos tenham "reais chances" de prescrição. Ele vê "retrocessos" no combate à corrupção.
"Esse é mais um caso derrubado num sistema de justiça que rediscute e redecide o mesmo dezenas de vezes e favorece a anulação dos processos criminais. Tribunais têm papel essencial em nossa democracia e devem ser respeitados, mas sistema de justiça precisa de aperfeiçoamentos. Processos envolvendo o ex-presidente serão retomados em breve em Brasília, mas com reais chances de prescrição. Várias questões serão rediscutidas nos tribunais. Nada disso, contudo, apaga a consistência dos fatos e provas, sobre os quais caberá ao Judiciário a última palavra", afirma Dallagnol.
O procurador foi responsável por denunciar o ex-presidente Lula no âmbito da Operação Lava-Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia ficou conhecida por uma apresentação de PowerPoint que ilustrava Lula como o principal mentor de um esquema de corrupção. Dallagnol considera que o cenário atual é de "amplos retrocessos".
"Precisamos discutir essas amplas mudanças em curso (e aqui não falo mais do caso concreto) para decidir se queremos ser o país da impunidade e da corrupção, que corre o risco de retroceder vinte anos no combate a esse mal, ou um país democrático em que impere a lei", afirmou.
Deltan Dallagnol deixou a força-tarefa da Lava-Jato em setembro de 2020. Em fevereiro de 2021, o grupo foi extinto e incorporado ao Grupo de Ações Especializadas contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal.