Em uma conversa com apoiadores, em Brasília, o presidente da República, Jair Bolsonaro, mudou o discurso e admitiu que poderá tomar a vacina contra a covid-19. O vídeo foi publicado por um canal bolsonarista no YouTube.
— Eu já tive o vírus vivo, então estou imunizado. Deixa outro tomar a vacina no meu lugar. Lá na frente, depois que todo mundo tomar... Se eu resolver tomar, porque, no que depender de mim, é voluntário, não pode obrigar ninguém a tomar vacina, eu tomarei — afirmou Bolsonaro, que no final de 2020, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band, havia declarado que não seria vacinado.
Em julho de 2020, o presidente teve diagnóstico positivo para a covid-19. No entanto, a comunidade médica ainda não sabe precisar por quanto tempo as pessoas ficam imunes a uma nova infecção: o fato de já ter sido contaminado, portanteo, não significa que não se deve tomar a vacina.
Crítico à obrigatoriedade da imunização, em dezembro, durante um evento em Porto Seguro, Jair Bolsonaro chegou a fazer alegações, sem base científica, que comparavam possíveis efeitos colaterais da vacina a "virar jacaré e Super-Homem" e "nascer barba em mulher ou algum homem começar a falar fino".
Em fevereiro, o presidente foi convidado pelo diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torresquis, a tomar o imunizante, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Bolsonaro chegou a perguntar ao chefe da agência reguladora se ele permitiria que o próprio presidente o vacinasse.
— Vai ter uma moeda de troca. Quero saber se o senhor está disposto... É a recíproca — respondeu Torresquis.
Bolsonaro então sorriu e disse:
— Sem contrapartida — e fez sinal negativo com a cabeça.
Em novembro, foi decretado sigilo à carteira de vacinação do presidente, após a revista Época solicitar acesso por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A assessoria da presidência disse, na época, que o sigilo às informações foi decretado pois os dados "dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem" do presidente. A Justiça deu um prazo de 72 horas para que o Planalto explicasse o motivo do sigilo.